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Mundo

Pontivírgula

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Por Matilde Pacheco

O Acordo do Século

Assinatura dos Acordos de Abraham (15 de setembro 2020), pelo Presidente dos E.U.A. Donald J. Trump, o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Bahrain, o Primerio Ministro de Israel e o Ministro dos Negócios Estrangeiros dos Emirados Árabes Unidos.

©Joyce N. Boghosian- Flickr

Em 1917 ninguém acreditaria num acordo que abrisse o caminho para a paz entre árabes e judeus – 2 povos vizinhos que, anos após anos, haviam vivido em conflito e guerra iminente.

O conflito Israelo-palestiniano representa a pólvora num barril sempre prestes a explodir: o Médio Oriente. A fundação do Estado de Israel, a 14 de maio de 1948, deu-se num Estado de Guerra que se prolonga ainda até hoje, contra a vontade de alguns dos países árabes, como a Palestina, o Egipto, a Jordânia, o Iraque, o Líbano e a Síria.

Todavia, quem havia pensado que a convivência entre árabes e judeus não seria possível, nunca havia previsto este momento. 103 anos depois, no último semestre de 2020, começaram as negociações de paz entre Árabes e Judeus e, em agosto do mesmo ano, foram assinados os acordos históricos entre Israel, os Emirados Árabes Unidos (EAU) e o Bahrein. Nesse dia, ganhava a diplomacia e a ordem internacional.

No entanto, aquilo que parecia ser uma vitória para todos – Israel prometer suspender a anexação de

territórios palestinianos da área da Cisjordânia e, agora, ambos os países poderiam focar-se e unir-se contra a ameaça nuclear do Irão – evidenciou outras preocupações, referentes à segurança e a um possível aumento das tensões a nível regional, visto que este acordo entre judeus e 2 dos países árabes é visto, como uma "traição à causa palestiniana".

Desde o início que existia uma espécie de consenso entre os países árabes, relativamente às suas relações diplomáticas com o Estado de

Israel. Todavia, a posição dos EAU revela, então, o ponto de

rutura desse consenso e o ponto de partida para o estabelecimento de novos acordos de paz e, quem sabe, o fim do conflito entre judeus e árabes. Os Emirados Árabes Unidos tornaram-se, então, no primeiro Estado do Golfo Pérsico e na terceira Nação Árabe a estabelecer laços diplomáticos com Israel, despoletando inclusive outros possíveis acordos entre Israel e países árabes como Marrocos, Sudão e Omã.