Ênfase Cristã Entrevista com o Missionário Carlos Heron | Page 20
ve o momento em que Labão pergunta a Jacó
porque ele havia fugido com suas lhas, sem que
ele pudesse saber para se despedir com alegria, e
com cânticos, e com tamboril, e com harpa. Salientamos que, nesse caso, a música serviria como
expressão de alegria, num contexto de festa
familiar.
No livro de Jó, o livro mais antigo da
Bíblia três referências são signi cativas nessa
temática: 1) No capítulo 21, verso 12, Jó fala que
os perversos cantam com tamboril e harpa e se
alegram ao som da auta; 2) No capítulo 30,
verso 9, Jó se considera uma “canção de motejo”
diante dos homens. Então, havia música por
motivo de zombaria; e, 3) No capítulo 35, versos
10 e 11, Eliú falando a Jó, argumenta, dizendo:
“Mas ninguém diz: Onde está Deus, que me fez, que
inspira canções de louvor durante a noite, que nos
ensina mais do que aos animais da terra e nos faz
mais sábios do que as aves dos céus?” Observe que
Deus é a motivação dos homens para entoarem
canções de louvor.
No livro de Êxodo, no capítulo 15, temos
o cântico de Moisés, bem como a antífona de
Miriã. A motivação do cântico está clara no nal
do capítulo anterior: o grande poder que o
SENHOR exerceu contra os egípcios, livrando
Israel de suas mãos. A letra do cântico re etiu
bem o temor e a con ança do povo em Deus. Não
sabemos quanto tempo Moisés levou para compor aquela canção, nem se o povo todo aprendeu
rápido para cantá-la logo após a travessia do Mar
Vermelho. Também não temos um registro de
notação musical para conhecermos a melodia do
cântico. Contudo, o povo tinha em mente as
maravilhas que Deus realizara, portanto, creio
que sua música deveria expressar tudo isso,
tanto reverência e temor a Deus, quanto fé, gratidão e grande júbilo. A beleza poética expressava a nobreza, grandeza e dignidade devidas a
Deus. A alegria pôde ser vista nas danças das
mulheres. (É importante salientar, porém, que
aquelas danças não se podem comparar com as
danças atuais de nossa sociedade. Nem são um
padrão ou mandamento para adotarmos danças
na igreja hoje).
O capítulo 32 de Êxodo descreve uma
situação totalmente diferente da anterior: o
povo se corrompe e se prostitui adorando um
bezerro de ouro, feito por Arão. Os versículos 18
e 19 deixam claro que haviam cânticos e danças.
Mas sobre o que cantavam e como faziam isso?
Há algumas pistas no texto: 1) “Então, disseram:
São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram do
Egito” (v.4); 2) “e o povo assentou-se para comer e
beber e levantou-se para divertir-se” (v.6); 3)
Josué confundiu o som dos cânticos com alarido
de guerra (vv.17,18); 4) “... o povo estava desenfreado” (v.25). Então, como seriam os cânticos e as
danças do povo naquela ocasião?
Sendo o homem um ser pessoal, ele
expressa através de sua obra, arte e música aquilo que está dentro dele, fruto de seu intelecto,
emoções e vontade. Lameque expressou o seu
sentimento em relação aos seus crimes. Moisés
expressou o seu louvor ao Deus Salvador e Todopoderoso. Em Êxodo 32, o povo fabricou o seu
próprio deus, então, a música ali, em letra e em
estrutura, deve ter re etido o caráter desse deus
falso, ou do próprio povo que o zera, o qual
estava desenfreado.
O Deus verdadeiro criou o homem à Sua
imagem e semelhança para o Seu louvor, mas,
infelizmente, o homem pecador, muitas vezes,
cria suas próprias obras para agradar a si mesmo, independentemente de Deus.
Através desta breve jornada percorrendo
os registros bíblicos da arte musical vimos que
esta arte tem servido para expressar elementos
pessoais bons ou maus desde o início da existência humana. Então, se somos lhos de Deus,
feitos conforme Sua imagem e semelhança,
como deve ser a nossa música?
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