- Há outra coisa que me está a tirar o sono – confessou o Tiago.
- O que é? – perguntou o Pedro, vivamente interessado.
Talvez por serem gémeos eram amigos inseparáveis e preocupavam-se muito um com o outro.
Só não gostavam de vestir roupas iguais, pelo menos a cor tinha de ser diferente.
- Estou a pensar no passeio de amanhã. Onde será que os pais nos vão levar desta vez? – inter-
rogou o Tiago.
- Também estava a pensar no mesmo. Por isso quis saber se estavas acordado, para ver se tinhas
alguma ideia – adiantou o Pedro.
- Ontem a mãe esteve a falar ao telemóvel com a avó Rosinha e pareceu-me ouvir qualquer coisa
a respeito daquela tia, irmã da avó, mas não percebi bem – referiu o Tiago.
- Sei que não vamos para a praia, porque há dias perguntei ao pai se o sítio onde íamos este ano
ficava perto do mar e ele riu-se e disse-me que para a praia íamos a seguir – contou o Pedro.
- Achas que a Filipa sabe? – questionou o Tiago.
- Porque é que ela havia de saber? Os pais nunca contam a nenhum de nós os três – observou o
Pedro.
- Tens razão! – concordou o irmão.
Todos os anos os pais dos gémeos e da Filipa organizavam um passeio mistério na primeira
semana de férias de verão. Os filhos nunca sabiam para onde iam até lá chegar. Era muito diver-
tido!
Uns dias antes do passeio aumentava a curiosidade e tentavam sempre adivinhar o sítio, mas
nunca conseguiam.
- Mesmo assim, acho que podíamos tentar falar com a Filipa – insistiu o Tiago.
- Ela se calhar já está a dormir e não vai gostar que a acordemos. É capaz de ficar aborrecida
connosco e amanhã não nos liga nenhuma – disse o Pedro, apesar de saber que o irmão não ia
desistir da ideia.
Saltaram da cama e dirigiram-se sorrateiramente ao quarto da irmã. Bateram ao de leve na por-
ta e nem esperaram que os autorizasse a entrar.
- Filipa! – chamou baixinho o Tiago, enquanto a abanava levemente.
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