decorar, mas houve um engano nas medidas e o painel ficou demasiado grande. Nove anos de-
pois, em 1873, seria colocado no aqueduto.
- Que cena! – comentou o Tiago. - E a fonte ficou sem painel?
- Não! Mandaram fazer outro com o tamanho certo. Havemos de lá passar – prometeu o pai. – Já
agora aproveito para vos contar a história do cavaleiro representado no brasão.
- E quem era esse cavaleiro? – perguntou logo o Tiago.
- Há quem diga que se trata de um fidalgo de Elvas, do séc. XIV, chamado Gil Fernandes, que se
destacou nas lutas contra Castela – respondeu o pai. - A sua coragem e valentia deram origem
a uma lenda.
- Oh! Adoro lendas! – comentou a Filipa, com os olhos a brilhar.
- Diz-se que um dia, durante as festas do Corpo de Cristo, realizadas em Badajoz, este nobre ca-
valeiro terá recuperado uma bandeira portuguesa que os castelhanos haviam roubado, fugindo
com ela em direção a Elvas. Na fuga, foi perseguido e logo que das muralhas foram avistados
os castelhanos, foi dada ordem para fechar as portas. Quando o cavaleiro se aproximou já não
tinha por onde entrar, de modo que resolveu atirar a bandeira para dentro da fortaleza dizendo:
«morra o homem, fique a fama!» - contou o pai.
- Esta lenda é um bocadinho triste! – disse a Filipa, com pena daquele bravo cavaleiro.
- É só uma lenda! – consolou-a o pai. - Na realidade o cavaleiro é uma figura simbólica, que re-
presenta o poder real e não uma pessoa em concreto.
- É melhor irmos andando – advertiu a mãe. – Não podemos chegar atrasados.
- Onde? - Quis saber o Pedro.
- Saberás quando chegarmos – respondeu-lhe a mãe, lançando-lhe um olhar misterioso.
Estacionado o carro, foram ter a uma ampla praça, que àquela hora estava inundada de sol.
- Gosto muito desta praça! – afirmou a Filipa olhando as casas em volta.
- Estamos na Praça da República, que começou por se chamar Praça Nova – esclareceu o pai.
– Foi aberta no início do século XVI, em 1511. Dois anos depois, em 20 de abril de 1513, no rei-
nado de D. Manuel I, Elvas ascendeu à categoria de cidade.
- É bem antiga! E que igreja é aquela ali ao fundo? – apressou-se a perguntar a Filipa.
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