Wink Wink Mag #22 | Page 38

Moda por Karla Matida boca no trombone Michelli Provensi conta os bastidores da profissão de modelo pelos quatro cantos do mundo Um videoclipe dirigido pelo londrinense Fabio Delai contou ao mundo que Michelli Provensi tinha muito o que falar. Com bom humor e ritmo, a modelo surgiu no Youtube cantando um rap, escrito por ela mesmo, e com o coro de amigas de passarela como Carol Ribeiro e Talytha Pugliese. A ideia inicial era chamar a atenção de uma editora para o livro e agora segue como divulgação para a publicação. “Preciso rodar o mundo – Aventuras surreais de uma modelo real” (editora Da Boa Prosa, 240 páginas, R$ 39,90) foi lançado durante a temporada de desfiles em São Paulo, da qual Michelli faz parte há cerca de uma década. Aos 16 anos, a modelo deixou a catarinense Maravilha para seguir uma das carreiras mais glamourosas do planeta. Pois Michelli coloca a boca no trombone e escreve que não é bem assim. O livro, que serve de guia para as meninas que sonham em ser a próxima Gisele Bündchen, também pode interessar quem não vivencia o mundo da moda, mas tem curiosidade em conhecer. “O normal de uma carreira de modelo é mais hotel céu nublado do que cinco estrelas”, adverte. Logo no primeiro capítulo, Michelli traça uma relação entre modelos e jogadores de futebol, lembrando que os iniciantes das duas categorias acabam se deparando com histórias bem diferentes das que fantasiaram. O futebol, aliás, permeia muitas das memórias da modelo. Entre ir a um request (“quando o cliente tem quase certeza que quer você para o trabalho, mas está em dúvida entre duas meninas”) e assistir, pela televisão, a um jogo da Seleção Brasileira na Copa de 2002, Michelli acabou optando pelo futebol. Descobriu depois que o cliente em questão era Tom Ford. “Quem diabos ele pensa que é para marcar um casting bem na hora do jogo”, questionou para o agente. Na época, Ford era o estilista da Gucci e da Yves Saint-Laurent. “Nunca tive outra oportunidade de encontrar Tom Ford. Pelo menos o Brasil ganhou a Copa”, conforma-se. Os jogadores voltam a ser citados no último capítulo do livro. “É difícil, tanto para o jogador como a modelo, parar para estudar no auge da carreira, que são os primeiros cinco anos. Porém é importante ser autodidata em algumas coisas”, escreve Michelli. E completa, “outra coisa que todo modelo deveria ter desde o início da carreira: educação financeira”. 40 WINK mag Em 10 anos de profissão, a modelo dividiu apartamentos com 127 colegas dos mais variados lugares em três continentes. Desfilou nas capitais da moda, foi modelo de provas do ateliê YSL e de Yohji Yamamoto, “a pessoa mais incrível com quem já trabalhei”, escreve sobre o estilista japonês. A escrita sempre acompanhou Michelli pelo mundo, mas foi só depois do encontro com a romena Irina Lazareanu que a catarinense parou de rasgar o que escrevia. “Carinhosamente, Irina me encheu de conselhos e motivação: foi a primeira pessoa a despertar outro lado em mim”, lembra. A romena, que foi noiva de Pete Doherty, ajudou nas letras de uma das músicas do The Libertines. “Puxa, uma modelo que escreve!, pensei”, conta Michelli.