Moda
por Karla Matida
boca no
trombone
Michelli Provensi conta os bastidores da profissão
de modelo pelos quatro cantos do mundo
Um videoclipe dirigido pelo londrinense Fabio Delai contou ao
mundo que Michelli Provensi tinha muito o que falar. Com bom
humor e ritmo, a modelo surgiu no Youtube cantando um rap, escrito
por ela mesmo, e com o coro de amigas de passarela como Carol
Ribeiro e Talytha Pugliese.
A ideia inicial era chamar a atenção de uma editora para o livro e agora
segue como divulgação para a publicação. “Preciso rodar o mundo
– Aventuras surreais de uma modelo real” (editora Da Boa Prosa, 240
páginas, R$ 39,90) foi lançado durante a temporada de desfiles em São
Paulo, da qual Michelli faz parte há cerca de uma década.
Aos 16 anos, a modelo deixou a catarinense Maravilha para seguir uma
das carreiras mais glamourosas do planeta. Pois Michelli coloca a boca
no trombone e escreve que não é bem assim. O livro, que serve de
guia para as meninas que sonham em ser a próxima Gisele Bündchen,
também pode interessar quem não vivencia o mundo da moda, mas
tem curiosidade em conhecer.
“O normal de uma carreira de modelo é mais hotel céu nublado do
que cinco estrelas”, adverte. Logo no primeiro capítulo, Michelli traça
uma relação entre modelos e jogadores de futebol, lembrando que os
iniciantes das duas categorias acabam se deparando com histórias bem
diferentes das que fantasiaram.
O futebol, aliás, permeia muitas das memórias da modelo. Entre ir a
um request (“quando o cliente tem quase certeza que quer você para
o trabalho, mas está em dúvida entre duas meninas”) e assistir, pela
televisão, a um jogo da Seleção Brasileira na Copa de 2002, Michelli
acabou optando pelo futebol.
Descobriu depois que o cliente em questão era Tom Ford. “Quem
diabos ele pensa que é para marcar um casting bem na hora do jogo”,
questionou para o agente. Na época, Ford era o estilista da Gucci e da
Yves Saint-Laurent. “Nunca tive outra oportunidade de encontrar Tom
Ford. Pelo menos o Brasil ganhou a Copa”, conforma-se.
Os jogadores voltam a ser citados no último capítulo do livro. “É
difícil, tanto para o jogador como a modelo, parar para estudar
no auge da carreira, que são os primeiros cinco anos. Porém é
importante ser autodidata em algumas coisas”, escreve Michelli. E
completa, “outra coisa que todo modelo deveria ter desde o início da
carreira: educação financeira”.
40 WINK mag
Em 10 anos de profissão, a modelo dividiu apartamentos com 127
colegas dos mais variados lugares em três continentes. Desfilou
nas capitais da moda, foi modelo de provas do ateliê YSL e de Yohji
Yamamoto, “a pessoa mais incrível com quem já trabalhei”, escreve sobre
o estilista japonês.
A escrita sempre acompanhou Michelli pelo mundo, mas foi só depois
do encontro com a romena Irina Lazareanu que a catarinense parou de
rasgar o que escrevia. “Carinhosamente, Irina me encheu de conselhos e
motivação: foi a primeira pessoa a despertar outro lado em mim”, lembra.
A romena, que foi noiva de Pete Doherty, ajudou nas letras de uma das
músicas do The Libertines. “Puxa, uma modelo que escreve!, pensei”,
conta Michelli.