W: Vejo que acredita que um futuro é moldado nas crianças, o que acha que poderia ser feito diferente dentro do tema?
I.S.: Eu costumo dizer que se queremos adultos melhores amanhã, é hoje que temos de criar crianças melhores. Por isso mesmo é que escrevo para elas. No entanto, penso que a missão de criarmos crianças melhores tem de ir além da literatura; num momento em que tanto se fala sobre proteção animal e direitos humanos, seria essencial um maior trabalho junto da comunidade escolar, debater temas ligados ao veganismo, explicando o que é, como colocá-lo em prática, como contribuir para um mundo melhor para todos.
W: O seu último livro, que entretanto está esgotado, é sobre hábitos alimentares mais saudáveis...
I.S.: O último livro que publiquei - “A menina do coração verde” - é o meu quinto livro publicado e esgotou em apenas 3 meses. Além de abordar o tema do bullying, fala sobre a alimentação vegetariana e o estilo de vida vegano. Além de ter como principal objetivo introduzir estes conceitos junto do público mais jovem, este livro visa ser também uma ferramenta útil para pais vegetarianos e veganos que não sabem muito bem como levar os seus filhos a dar o primeiro passo no maravilhoso mundo verde. “A menina do coração verde” pretende facilitar a tarefa, explorando os conceitos e as vantagens éticas e ambientais do veganismo.
W: Tem filhos? Se sim, eles seguem uma dieta à base de plantas?
I.S.: Ainda não tenho filhos mas é um objetivo a curto-prazo e, sim, eles seguirão uma dieta 100% vegetal, não faria sentido que fosse de outra forma. Infelizmente, os nossos pais, eles próprios vítimas de uma sociedade formatada, habituaram-nos a comer animais sem que questionássemos o porquê de amarmos uns em detrimento de outros. Não quero que os hábitos alimentares dos meus filhos se baseiem na estrutura especista da nossa sociedade. Eles não comerão nada de origem animal mas, desde cedo, ser-lhes-á explicado porquê para que tenham consciência de que os seus hábitos alimentares devem assentar em valores como a compaixão e não no ego, priorizando o paladar.
W: A pergunta cliché: por que deixou de comer carne?
I.S.: Por uma razão muito simples: despertei. Tal aconteceu quando vi, sem querer, um vídeo de porcos a serem agredidos num matadouro. Foi quando percebi que sempre estive errada quando dizia que adorava animais pois, na verdade, apenas adorava animais domésticos, como cães e gatos. Gostar de animais vai muito além dos que nos fazem companhia. Ver os porcos a serem agredidos despertou em mim uma nova perspetiva, muito mais abrangente e compassiva. Comecei a questionar-me sobre porquê amar uns e comer outros e decidi deixar de comer aqueles que sempre disse amar: comecei por deixar a carne, depois o leite e os laticínios e, por último, o peixe. Entretanto, já lá vão quase 6 anos de veganismo e, como eu costumo dizer, foi a melhor decisão que tomei até hoje!
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