“Buscamos construir um modelo que radicalizar na coletividade tanto na estética quanto na ética, mas se prove viável eleitoralmente num contexto como o estado de São Paulo”.
Na linha de movimentos políticos que disputam eleições, a Bancada Ativista inspira-se nos movimentos municipalistas espanhóis, no Wikipolítica do México, no Revolución Democrática do Chile. No Brasil Há também o coletivo Muitas, que surgiu em 2015, além dos grupos Nós, Agora! e Acredito, nascidos em 2016.
SUPERPLATAFORMA
“Vivemos uma profunda crise de representatividade no Brasil hoje. Mas ela não se deve apenas a uma ‘insatisfação’ genérica com relação aos políticos, como costuma se abordar o tema, e sim com relação a pauta” diz a advogada e ativista Evorah Cardoso, pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e criadora da plataforma #MeRepresenta, vinculada ao movimento Wikipolítica, que busca mapear candidaturas e pautas para facilitar o trabalho do eleitor. A organização mexicana já conseguiu levar às urnas 17 aspirantes independentes a cargos legislativos em cinco estados daquele país.
“Atualmente, no Brasil, sabemos quanto custa uma campanha para um cargo no Legislativo para que ela se converta em candidatura eleita. Em boa medida, as ‘eleições’, na verdade, acontecem muito antes de outubro, quando a divisão desses recursos entre as candidaturas ‘que vão ganhar’ é determinada”, destaca Cardoso. Por isso, a #MeRepresenta incentiva pauta ligadas ao direito de mulheres, LGBTs, indígenas e pessoas negras, geralmente pouco representadas.
No #MeRepresenta os eleitores poderão encontrar candidaturas que se comprometeram com pautas de direitos humanos e selecionar o perfil daquela em que querem votar. Será possível, por exemplo, escolher uma
mulher, negra e LGBT favorável a pautas de meio ambiente. Em 2016, o site registrou 1 milhão de visualizações - 70% dos acessos foram de de mulheres. Das dez candidaturas mais vistas, nove eram de mulheres, sendo três delas negras, quatro lésbicas e bissexuais e uma trans.
Os perfis exibidos no site precisam ser preenchidos pelos candidatos - naquela eleição, foram quase mil candidaturas inscritas, de 244 cidades, 24 estados e diferentes partidos políticos. "Aprendemos que podemos ter políticos que defendem pautas de direitos humanos em todos os espectros políticos. Foram 68 candidaturas eleitas. Marielle [Franco, vereadora do Rio pelo PSOL, assassinada em março], uma delas, foi uma das mais visualizadas na plataforma", conta a ativista. "A experiência histórica mostra que do fundo da opressão e do desespero surgem movimentos sociais de
tectônicas da sociedade, lutando para remendar a desarranjada democracia. Para Castells, um pouco de caos será necessariamente um estágio para a evolução democrática. "Será que estamos numa situação nova, em que cada um de nós deve assumir a responsabilidade de nossas vidas, de nossos filhos e nossa humanidade, sem intermediários, na prática de cada dia, na multidimensionalidade de nossa existência? Ah, a velha utopia autogestionária. Mas por que não?", reflete. diferentes formas que mudam mentes e instituições", conclui Manuel Cas-tens, citando o movimento feminista, a consciência ecológica e os direi-tos humanos. As causas aglutinadas no #MeRepresenta, nas candidaturas coletivas e discutidas por meio dos júris cidadãos nos novíssimos moldes das democracias deliberativas podem ser a atualização dessas forças
Campanhas "de nicho" têm ganhado espaço nas redes sociais: veja as propostas de alguns pesquisadores que se lançaram nessa disputa