WDJ - Revista Galileu - Daumildo Edição 307 | Page 11

por exemplo, ficará interessado em saber o que as pessoas comiam, como diversificavam a alimentação, como eram as despensas. Hoje vivemos em um sociedade de consumo, mas no passado a pessoa tinha uma só roupa e escolhia o tecido mais escuro possível para não sujar. A questão da higiene também: desde o período colonial até os anos de 1930, muitos brasileiros tinham o hábito de lavar apenas as mãos, os pés e o pescoço. O banho era de bacia, uma vez por semana, e a mesma água lavava a família toda. As mulheres lavavam o cabelo uma vez ao mês. Esses assuntos históricos, que são saborosos, despertam a curiosidade.

E o público brasileiro gosta de conhecer esses temas históricos?

Contrariamente ao que se diz, os brasileiros adoram história. Tenho vivido a experiência de falar em palestras para 300, 400 pessoas, todas interessadíssimas. Mas qual é a história que interessa? Aquela que conta como Dom Pedro II tomava canja de noite, era um cara que não vivia limpo, com as mãos sempre sujas. Era uma pessoa limitadíssima no trato social: quando viajava para a Europa sempre usava a mesma roupa, com uma casacão preto, e falava um inglês macarrônico. Quando você aproxima um ícone da história, revelando que teve paixões, cometeu erros, teve um caso de mais de 30 anos com a Condessa de Barral, as pessoas adoram, se interessam.

"Contrariamente ao que se diz, os brasileiros adoram história."