sendo gráfico e discreto, possui
uma vivacidade única que o
distingue dos demais designers.
Valentino constantemente
utilizava técnicas tradicionais
de desenho, traduzindo todas
as ideias de suas coleções em
croquis.
Ele decidia sobre um esboço
geral e as proporções que utiliz-
aria e depois definia a largura
do ombro, altura da cintura, o
tipo da manga e assim por di-
ante. Ele progressivamente re-
definia o design, selecionando
colarinhos específicos, drapings
e cuidadosamente escolhia o
comprimento dos modelos.
Metodicamente rigoroso em
seus designs, quando Valentino
desenhava buscava transpar-
ecer suas influências e inspi-
rações. Em entrevista para a
escritora Pamela Golbin, autora
do livro “Valentino Themes and
Variations”, o designer afirmou
que sempre considerou o seu
trabalho como o de um escri-
tor. “Ao longo dos anos eu es-
crevi apenas uma história, uma
do meu estilo, em que cada
coleção representa um capítu-
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lo único, com todas as suas emoções, ideias e motivos. Os looks
talvez mudem de um capítulo para o outro, mas as característi-
cas principais continuam as mesmas, assim como as pessoas e as
coisas que me inspiraram”. Em complemento, ele afirma “os temas
e as variações de uma coleção para outra mudam, mas a mulher
por trás das pregas, bordados e laços continua a mesma”.
Assim que terminava uma coleção e precisava materializar suas
ideias, o designer pedia para as pessoas que trabalhavam com ele
que reproduzissem o que foi feito, para não perderem nenhuma
forma ou volume da peça recém desenhadas. Uma técnica espe-
cial, chamada de budellini, era utilizada. Ela se resume a cortar
cordões finos e colocá-los sobre um pedaço de tule ou organza
(tecidos) para criar um contorno exclusivo do que se quer copiar.
Para sublinhar o corte impecável de seus desenhos, Valentino os
aprimorava com
a justaposição de
penas coloridas e
outros tons vívidos.
Ao usar essa técni-
ca, ele dava vida a
maneira como as
mulheres se mo-
viam e andavam
com suas roupas.
Em 2011, a mai-
son disponibilizou
em seu museu on-
line, desenvolvido
em parceria com
a agência digital
Novacom Asso-
ciés-Paris e com os
arquitetos Patrick
Kinmonth e An-
tonio Monfreda, um compilado de
30 dos mais famosos designs preto
e branco criados pelo estilista na
época áurea de sua carreira. Entre
os expostos estão o vestido que Julia
Roberts usou no Oscar de 2001 e o
que a top model espanhola, Euge-
nia Silva, vestiu para o editorial da
revista britânica Hello em 2004.
Todos os modelos traduzem a
sensibilidade e a criatividade de
Valentino quando se trata de criar.
“Ele é único, consegue transforma
nada em tudo. Faz peças simples
ficarem chiques ao acrescentar algo
como um bordado ou um detalhe
de renda”, aponta a Profa. de design
da Parsons New School of Fashion,
Angela Gao. “Prova disso é o uso de
pena de faisão no vestido Fall/Win-
ter de 1979/1980. Com a saia feita
em cetim branco e o top preto, algo
simples ficou extraordinário”.
Para o Prof. de design Gabriele
Goretti o fator-chave de Valentino
é “a sutileza. Parece que ele não faz
esforço para desenhar. Seus traços
são únicos e suas roupas traduzem
com maestria o que está no papel.
À ESQUERDA GIANCARLO GIAMMETTI E A DIREITA VALENTINO NA DÉCADA DE 60.
Não há nenhuma perda nesse processo e, talvez, por
causa disso, ele tenha sido tão bem-sucedido em
sua carreira. Não adianta ter uma boa ideia se não
souber como materializá-la”.
Seja pelo trabalho manual, a delicadeza dos
bordados ou a excentricidade de combinar bugle
beads pretos e brancos com strass, como no vesti-
do haute-couture apresentado em 2006, Valentino
não será esquecido no mundo da moda. “Ele é
único. Poucos designers marcaram uma geração,
e ao vestir rainhas, atrizes de Hollywood e criar
uma nova cor, Garavani se mostrou inesquecível.
Eu acredito que daqui 50 anos ele ainda será lem-
brado, talvez não mais pela feminilidade, pelo luxo
e pelo requinte que implementou as suas coleções,
mas sim pelo mito que se tornou ao estar a 45 anos
à frente da única maison italiana que recebeu o
prêmio Médaille de Vermeil de la ville de Paris, o
equivalente a chave da cidade, pelas mãos do pre-
feito Bertrand Delanoë”, finaliza o Prof. Patrick
Hughes.
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