Sinto nojo ao sentir seu olhar
Sinto como se suas mãos ácidas pudessem percorrer o meu corpo, minha alma. Como se a sujeira e podridão que estão na sua alma respingassem em meu corpo.
Sinto seu cheiro de enxofre e podridão, como se algo estivesse decompondo-se, que vermes tomassem conta do seu corpo, tudo é tão real que posso vê-los escorrendo dos seus olhos e vindo em minha direção.
Tu és um ser primitivo,
Vindo de alguma época bestial
Mais um segundo do teu olhar sinto meu íntimo feminino sendo despedaçado, desrespeitado como se estivesse sendo rebaixado à luxúria, ao pecado. Sinto vontade de cobrir-me com todos os panos do mundo, pois fui violada, estuprada pelo seu olhar. Você não sabe o que é respeito, pois é um ser sujo e imoral. Vive ainda nos porões escuros da baixa sexualidade.
Você não troca energia, você suga a energia feminina, rouba sua essência. Não se preocupa com o prazer de uma mulher, a trata como fosse seu objeto de posse.
Mais um segundo seu olhar percorre meu corpo, como se eu fosse um animal, uma fêmea, que devesse ser fecundada, sem saber o que eu guardo dentro de mim. Sinto como quisesse socar seu pinto quente dentro do meu templo, violar minhas barreiras e acessar o meu poder antes que eu possa liberar, me deixando sem escolhas.
Por um segundo sinto teu olhar tocar o meu corpo, sinto-te me invadindo, despindo minhas roupas, invadindo-me por inteira.
POR CATARINA DIAS
TEXTO PSICOGRAFADO
setembro UMBANDA Saravá 49