A energia de Pombagira na minha vida: consciência do poder feminino
Há três anos frequento um terreiro de Umbanda. Iniciei na assistência, e logo surgiu a oportunidade de participar do grupo de desenvolvimento mediúnico, onde permaneci por quase dois anos. Para mim foi uma experiência transformadora, um divisor na minha vida.
Na vida pessoal, aos 38 anos, divorciada, com um filho de 3 anos, fui ao encontro do autoconhecimento, na disposição de olhar para mim, de curar as feridas de relações abusivas e com o intuito de resgatar o amor-próprio. Até então, eu estava vinculada ao mental, foco na profissão e no trabalho, na qual me sinto realizada; mas, a vontade era de percorrer novos caminhos, me permitir sentir, experienciar e ressignificar minha vida. Nessa jornada de autoconhecimento, a Umbanda fez todo sentido pra mim, me permitindo tomar consciência que tudo está conectado, dentro e fora de mim.
Nessa busca pessoal, paralelo ao meu desenvolvimento mediúnico, me inseri em um trabalho sobre o sagrado feminino, “Tendas e Clãs do Sul, Círculos femininos de autoconhecimento”. Esse círculo de mulheres me oportunizou ressignificar o feminino, o sagrado feminino, reconhecendo-se entre mulheres o poder da Deusa que existe em cada uma de nós, rompendo com crenças e padrões limitantes, impostas em uma sociedade patriarcal. Além disso, surgiu a vontade de estudar sobre o feminismo, sobre a história de mulheres que estiveram à frente do seu tempo.
Como falei, na Umbanda me descobri, acessando minha intuição, conectando meus guias espirituais, buscando evoluir enquanto Ser nessa existência e servindo a espiritualidade com amor e caridade. E o que me moveu nesse processo de autoconhecimento foi a vontade, o desejo de me colocar em evolução nessa vida, de ressignificá-la.
Foi nos estudos sobre a Umbanda em que conheci o nome de Alexandre Cumino. Assistindo um de seus vídeos no YouTube, ele e o Davi Dias entrevistavam três mulheres no seu programa de rádio com o tema Pombagira: a atuação de Pombagira na vida dessas mulheres. Foi nesse momento que tomei consciência dessa energia feminina que atua e desperta em nós o empoderamento. O sentimento foi de uma criança redescobrindo o mundo, nesse caso, a mim mesma. incorporava Pombagira no desenvolvimento mediúnico, mas efetivamente não tinha me dado conta da atuação dela na minha vida, e foi a partir desse momento que estabeleci uma conexão mais profunda com a minha guardiã. A Umbanda tem sido uma experiência transformadora na minha vida, reafirmo. E para além do terreiro, do trabalho com meus guias, de servir e ser útil à espiritualidade, busco vivê-la em meu cotidiano, nas minhas relações e comigo mesma.
A cada dia me conecto com essa energia que me trouxe o amor-próprio, o empoderamento, a força e a determinação para ser essência, para entender que tudo está dentro e que eu posso acessar há qualquer momento. Me sinto desabrochar, mais madura, mais consciente de mim mesma, buscando o que faz sentido, a inteireza do meu Ser.
Estou no caminho junto da minha guardiã, Pombagira Cigana da Estrada, e desejo que assim como eu outras mulheres acessem e tomem consciência dessa fonte de empoderamento, desse poder feminino que historicamente nos foi tirado e renegado. Que nos abstenhamos do preconceito, da discriminação, porque assim como as Deusas, as Bruxas, as Pombagiras merecem nosso reconhecimento, foram mulheres assim como nós, que ascenderam espiritualmente e hoje trabalham em prol da espiritualidade.
Sou grata à minha Pombagira pelas orientações, que eu possa sempre ser merecedora dessa energia, desse poder.
Ponto que fiz para minha Pombagira Cigana da Estrada:
Ela é faceira, ela é bonita
É Pombagira Cigana
Trabalha na estrada, em todo lugar
Na linha do amor ela faz e desfaz
Precisa ser forte, e não bambear
Pombagira Cigana da estrada ela vai te ajudar.
Por Caren Pivetta
setembro UMBANDA Saravá 47