É com essa reflexão que iniciamos este texto sobre
o errôneo papel de inferioridade da mulher na sociedade, onde sua fala é questionada e seu conhecimento posto à prova a todo momento.
No âmbito religioso não é diferente, a presença de mulheres vem sempre acompanhada da incerteza se algo tão sublime se manifestaria em um ser tão “frágil”. Deus em sua grandeza fala sempre através de sacerdotes e membros do clero, manifestando sua criação primeiramente no homem, Adão, e posteriormente para “ajudá-lo”, Deus dá luz a Eva, que de forma dependente vem de um osso torto dele.
“E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele.” Gênesis 2:18
O Tribunal do Santo Ofício, também conhecido como período da Inquisição, surgiu com os franceses na Idade Média com objetivo de combater os Cátaros, avançando para a Idade Moderna e chegando à Espanha, onde teve seu ápice e posteriormente se espalhou para demais países da Europa.
A brutal cruzada dos inquisidores tinha por objetivo reeducar os praticantes de religiões pagãs, em especial as mulheres que eram tidas como portal para os poderes diabólicos. Neste período surge o livro Malleus Maleficarum - “Martelo das Bruxas” escrito por Heinrich Kraemer e James Sprenger, lançado em 1486, tornando-se o manual do inquisidor e servindo de base para a criação da Bula Papal Summis desiderantes affectibus, que atestava uma doutrina oficial da igreja. Um documento ensopado de sangue e que regulamentava a brutal caçada ao feminino, orientando-os sobre como identificar as bruxas, torturá-las e sentenciá-las nos tribunais da época. Entendia-se como bruxo todo aquele que detinha o conhecimento, reverenciava outros deuses, cultuava a natureza, praticava o curandeirismo, dentre outras práticas condenadas pela igreja.
setembro UMBANDA Saravá 29