a capa
setembro UMBANDA Saravá 10
Afinal, das palavras de uma Preta Velha saem pétalas de rosas e alfazema, mas também toda a carga de uma história a ser lembrada e transmutada. Da voz de uma Cabocla saem flechas de direcionamento e também a consciência sobre quem veio primeiro. Da risada gostosa de uma Pombagira, um brinde à vida e às ancestrais, mas também o que de fato é empoderamento. Enfim, aqui nós temos uma divindade com as cores do arco-íris.
A ilustração da capa foi uma das minhas formas de materializar isso. Os vários braços dos deuses indianos que simbolizam suas muitas qualidades, agora dispostos com os Orixás e seus instrumentos, vibrações, símbolos. Todos os sentidos da vida e suas "multitarefas" cósmicas e universais. Além de nossa "guarda", sempre preparada para tudo proteger e orientar. E os símbolos de nossos amados e sagrados guias no topo de nossa estrutura.
Uma tentativa de mostrar a beleza de lindas culturas ancestrais, que mexem com a gente e principalmente mostrar que a Umbanda não fecha meus olhos, não me cala, não me prende, ela permite que eu expanda, estude, aprecie e conheça outros saberes com muito respeito. Ela tem ouvidos para escutar minha voz feminina.
São tantas possibilidades, fartura que não deve ser reduzida a uma colcha de retalhos. Umbanda é pluralidade, é poder transitar em outros solos com muito carinho. Cruzando o chão, batendo cabeça, pedindo licença ou apenas com um sorriso e o coração aberto.
E é assim que eu enxergo essa religião, de uma forma muito libertadora com sua grande diversidade e oportunidade de cultura.