UALGORITMO 4.2 Outubro 2022 UALGORITMO4.2 | Page 28

Glossário
Ciência cidadã Ciência desenvolvida com base na colaboração entre cientistas e indivíduos da população em geral . Existem projetos de ciência cidadã de vários tipos , tais como arqueologia , astronomia , biologia ou oceanografia
Espécies não-nativas ( ou espécies nãoindígenas ) espécie que vive em ecossistemas distantes da sua região de distribuição natural e que transpôs barreiras geográficas intransponíveis graças à intervenção humana para aí chegar
Espécies nativas ( ou espécie indígena ) espécie que se encontra na sua região de distribuição natural onde evoluiu e viveu durante milhares de anos
Área de distribuição Regiões do globo ocupadas por uma espécie
Água de lastro água transportada dentro de um navio para o estabilizar . Quando os navios estão a carregar carga , a água de lastro é despejada para evitar que o navio fique demasiado pesado . O processo inverso ocorre quando o navio está a descarregar carga num porto
Ecossistema Área que apresenta características distintivas onde animais , plantas , e outros organismos interagem entre si e com o ambiente que os rodeia . Estuários , desertos , e florestas são exemplos de alguns dos muitos ecossistemas existentes
Espécies invasoras Espécie que vive afastada da sua área de distribuição natural e cuja população atinge números bastante elevados e assim prejudicando as espécies nativas e alterando o funcionamento do ecossistema onde vive
O QUE SÃO ESPÉCIES EXÓTICAS ?
Quando ouvimos falar de aliens pensa-se imediatamente em seres extraterrestres . Contudo , estes aliens são também chamados de espécies exóticas ou não-indígenas . Estas espécies estão um pouco por todo o lado . As espécies exóticas são espécies que vivem distantes da sua área de distribuição natural , onde evoluíram durante milhares de anos , e onde são denominadas espécies nativas ou indígenas . Apenas com a intervenção humana , uma espécie exótica consegue ultrapassar barreiras geográficas intransponíveis , tais como montanhas , oceanos ou desertos . Algumas espécies exóticas são introduzidas intencionalmente numa zona não-nativa . A ameijoa japonesa foi introduzida intencionalmente por mariscadores na Ria Formosa . Contudo , a maioria das espécies são introduzidas acidentalmente . Algumas chegam à boleia de outras espécies exóticas , como algas agarradas às conchas de amêijoas ou ostras . Outras espécies chegam nas águas de lastro de navios transoceânicos ( p . ex ., alforreca negra ) ou incrustadas no casco de navios ( p . ex ., craca triangular ). Já outras foram o animal de estimação de alguém , tais como a tartaruga-de-orelha-vermelha ou o peixe dourado , ou até mesmo alguma planta usada na decoração de aquários , como a elódea-brasileira .
ALIENS NO SADO , MIRA E GUADIANA
Nos principais estuários do sul de Portugal – Sado , Mira , Guadiana – existem dezenas e dezenas de espécies exóticas . Quando uma espécie exótica chega a um novo ecossistema é provável que não encontre condições ideais e por isso a maioria não sobrevive ou estabelece uma pequena população . Outras espécies sentem-se em casa nesse novo ecossistema , a população aumenta , e expandem -se para áreas vizinhas do local de introdução . Nestas situações as espécies exóticas passam a denominar-se espécies invasoras e muitas vezes prejudicam espécies nativas e alteram o funcionamento dos ecossistemas . Nos estuários do sul de Portugal , as espécies invasoras mais emblemáticas são a amêijoa asiática , a alforreca negra , o caranguejo azul e a corvina americana ( Fig . 1 ). As espécies invasoras têm várias características em comum . Muitas espécies conseguem viver em ecossistemas com condições ambientais extremas e também se reproduzem em grande número . Quando ocorre alguma alteração significativa num ecossistema que diminui as populações de todas as espécies , as espécies invasoras conseguem , por norma , recuperar mais rapidamente do que as espécies nativas e ocupam os habitats deixados vazios por estas espécies devido à ausência de competição por espaço e alimento . Muitas espécies invasoras são bem-sucedidas porque os parasitas e / ou predadores que as afetam nas regiões nativas não existem no ecossistema que colonizaram na região não-nativa . Outras espécies invasoras também têm poucos inimigos naturais e , frequentemente , até nem têm qualquer inimigo no ecossistema que acabaram de colonizar . A maioria dos predadores nativos não reconhecem as espécies exóticas como potenciais presas . Contudo , os potenciais predadores nativos podem aprender a reconhecer as espécies exóticas como uma presa e assim abrandarem ou pararem a expansão duma espécie invasora .
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