menos probabilidade de
experienciar um evento
negativo do que outras
pessoas.
Distância psicológica
É um processo
psicológico que faz
com que as pessoas
se distanciam
temporalmente do risco,
percecionando-o como
distante no tempo.
Normalização do risco
É um processo
que ocorre quando
as pessoas estão
constantemente
expostas e conscientes
de um risco; a
normalização do risco
é uma estratégia
psicológica para lidar
com o risco, fazendo
com que as perceções
de risco diminuam e o
bem-estar psicológico
aumente.
Biografia dos autores
Rita B. Domingues é
Investigadora Auxiliar
na UAlg. É licenciada
em Biologia Marinha,
mestre em Ecologia
Marinha e doutora em
Ciências do Mar. Mais
recentemente licenciou-
se em Psicologia e está
atualmente a concluir o
mestrado em Psicologia
Clínica e da Saúde e
o doutoramento em
Psicologia.
Márcio C. Santos é
licenciado em Psicologia
e estudante de Medicina
na UAlg.
portas dos residentes da Praia de Faro. As respostas
que nos deram permitiram compreender como, apesar
de estarem cientes dos perigos, não querem sair por
estarem muito apegados à praia.
Ao contrário do que estávamos à espera, os
residentes têm uma perceção de risco elevada, ou seja,
eles sabem que estão em perigo. No entanto, o seu
apego à praia e a sua recusa em sair, mesmo sabendo
os perigos que correm, têm por base dois fatores: o
viés do otimismo e a distância psicológica. Por um
lado, nunca houve fatalidades na Praia de Faro, apenas
danos materiais devido às tempestades; por isso, os
residentes desenvolveram um otimismo em relação à
sua segurança na praia. Por outro lado, os residentes
acreditam que a praia está em perigo e que um dia a
desgraça acontece – “um dia”, “no futuro”, mas não
agora; a população da Praia de Faro perceciona as
ameaças como distantes no tempo, o que contribui
para que a sua preparação face às ameaças costeiras
seja baixa.
Verificámos também que a principal fonte de
informação relativamente aos riscos nos residentes
da Praia de Faro é a sua própria experiência de vida.
Pelo contrário, a educação formal e de campanhas
de educação ambiental têm pouco impacto nos
residentes da Praia de Faro (Fig. 2).
Tal contrasta como o sentimento geral de cientistas
e gestores da costa, que assumem que se deve
dar mais informação e educação às pessoas para
que as suas perceções de risco aumentem e assim
tomem medidas preventivas em relação às ameaças
costeiras. Porém, essas ações até podem ter o efeito
contrário, levando as pessoas a normalizar o risco.
A normalização de risco reflete-se numa diminuição
da perceção de risco ou num aumento da distância
psicológica. Os resultados deste estudo mostram
como é importante ter um conhecimento sólido dos
processos psicológicos para uma gestão costeira mais
eficaz e mais próxima dos cidadãos.
Saul Neves de Jesus é
Professor Catedrático,
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