O punk nascia, acima de tudo, como um movimento urbano de contracultura.
Era de se esperar que com sua rebeldia e fervor revolucionário anárquico
atraísse aqueles que praticavam o skate, ainda mais quando se considera que
eles frequentavam o mesmo ambiente urbano. Mas tudo isso só foi consolidado
em 1978, quando Steve Olson, ao subir ao palco e receber o prêmio de skatista
do ano da revista skateboarder, em vez de fazer um discurso e agradecer por
ter recebido o prêmio, decidiu cuspir na das pessoas da primeira fileira. Há
algo mais punk do que isso?
O próprio Steve Olson tinha uma banda punk chamada The Hood, e
era amigo de Brian Bannon, que anos mais tarde se tornaria editor da lendária
revista Thrasher. Indiscutivelmente a revista mais importante para o skate, e
que sem dúvida merece a fama que ganhou ao decorrer dos anos de ser uma
revista “punk”, principalmente por parte do histórico e falecido editor Jake
Phelps com suas publicações irreverentes e provocativas com fotos de feridas
abertas e até uma lista de piores skatistas de todos os tempos. E o punk não
estava somente na atitude, a revista foi responsável pela popularização do
gênero skate punk através da coletânea musical Thrasher Skate Rock, uma das
publicações da Thrasher fora da mídia das revistas.
Com uma sonoridade bem próximo ao hardcore, só que com letras
relativamente menos agressivas e mais animadas o gênero do skate punk se
consagra através de bandas como Adolescents e Suicidal Tendencies, chegando
ao Brasil no auge do punk brasileiro, por meio do pioneirismo de bandas como
Grinders. Mas a influência do skate dentro do punk não se limita ao gênero do
skate punk, mesmo as grandes bandas do punk convencional, como o
Inocentes, eram convidadas a tocar em festivais onde pistas e rampas de skate
eram montadas e os punks andavam de skate enquanto ouviam música de
ótima qualidade. Até hoje a influência do skate no punk brasileiro ecoa através
do som do Dead Fish e Charlie Brown Jr