VOCÊ SE IMPORTA se eu ordenhar enquanto a gente conversa”? pergunta Mariana Weickert, 36 anos, sentada em sua poltrona de couro em seu apartamento no Leblon, depois da sessão de fotos para Marie Claire. Vestida com uma regata larguinha e uma calça de algodão, desabotoa o sutiã preto de amamentação, encaixa o bocal da maquina de sucção No seio direito, liga o aparelho E o dispara. “medo. Tinha muito medo de ser mãe. De me arrepender E não poder voltar atrás, de não conseguir fazer O que amo depois de ter filho, de prejudicar a carreira, não poder viajar...”, afirma a modelo e apresentadora, enquanto a máquina suga ou alimento da filha Theresa, 2 meses. Com a atenção dividida entre o aparelho E Nossa conversa, discorre sobre As verdadeiras razões que a levaram a decidir ser mãe aos 36 anos, quando os médicos –E Os amigos-alertam para os riscos biológicos da maternidade depois dessa idade (assunto o que investigamos na reportagem da pg 54).
“São motivos que parecem bobos egoístas À primeira vista, mas passa pela cabeça de muitas mulheres. Ninguém assume. O médico falou uma vez pra mim: ‘Quando nasci uma criança morre uma mulher’. Fiquei apavorada. Nunca quis deixar de ser eu mesma, lutei muito para me tornar quem sou”, conta a catarinense nascida em Blumenau, quem saiu de casa aos 15 anos para tentar a vida como modelo em Nova Iorque, fez campanhas para maisons Como Chanel, Givenchy e Louis Vuitton, E Foi capa de dezenas de revistas de moda. De volta ao Brasil, tornou-se uma carismática apresentadora de televisão-uma virada na carreira que poucos tops conseguiram fazer. “essa ideia de que a mulher tem que se anular para ser uma boa mãe, além de ser mentirosa, assusta. O problema é que não se fala sobre isso. Eu não conversava a respeito nem com minhas amigas”, reflete Mari enquanto checa com leite no potinho de vidro.
Por esses motivos, garante, a maternidade não estava nos planos. Mas essa certeza começou a mudar em 2016, quando estava prestes a completar 35 anos e namorava havia dois o empresário Arthur Ferraz, hoje com 33 e seu atual marido. Em jantar com amigos, o assunto surgiu. “ O dos casais estava com muitos problemas para engravidar espontaneamente. Minhas amigas começaram a insistir para que eu congelar os óvulos, senão ficariam velhos. Logo todos os convidados começaram a dizer que eu precisava pensar naquilo. Me colocaram na berlinda, me sentir em um tiro ao alvo. Odiava esse assunto. Briguei com todo mundo.” A raiva, no entanto, fez refletir. A noite tempestuosa abriu espaço para uma conversa com Arthur. Ele queria que ela fosse a um médico com o objetivo de se informar sobre o assunto. Ela topou. “Na real, fiquei com medo de não congelar e me arrepender. E se no futuro quisesse ter um filho E não conseguisse?”
Na conversa com o especialista, traçaram um plano: congelariam embriões fertilizados com os óvulos dela e o sêmen dele caso, no futuro, desejassem ter filhos e não pudessem por vias tradicionais. “era uma espécie de ‘poupança’. Minha decisão de ter um filho passou 100% pelo fato de querer viver essa experiência com ele. Existem muitos modelos de família. Para mim, fazia sentido o Artur estar junto no plano.” Durante 15 dias, Mari estimulou a ovulação, retirou os óvulos em laboratório, que na sequência foram fertilizados e os embriões, armazenados.
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MARI WEIKERT E THERESA NA CASA DA APRESENTADORA, NO RIO DE JANEIRO, ONDE ACONTECEU A SESSÃO DE FOTOS PARA MAIE CLAIRE