Tavilla Tavilla, n.º 1 -2018 | Page 28

El-Rei distingue Rui Martins

Rui Martins foi um artesão da elite do concelho que tinha o privilégio, como porteiro mor, de abrir a porta ao rei, e que foi distinguido duas vezes por D. Manuel I

Rui Martins era um picheleiro, isto é, um artesão que trabalhava o estanho misturado com chumbo, vizinho de Tavira, considerado um Homem Bom do concelho (a elite dos concelhos), e, como tal, desempenhava cargos na administração, neste caso, era Porteiro Mor, cabendo–lhe abrir a porta ao rei. Foi distinguido por duas vezes por parte do rei D. Manuel I.

A profissão de picheleiro era altamente especializada, por isso, muito conceituada, constituindo a elite dos artesãos. Um picheleiro trabalhava o estanho (misturado com chumbo), fazendo desde pequenas peças de louça, como simples copos, cálices, tigelas, pratos, até jarros e vasos, e, ainda, lanternas, cruzes, e fontes, entre muitas outras mais peças de artesanato. O processo para que se pudesse obter a licença necessária para o exercício das funções de picheleiro, de forma pública, era de tal modo exigente que tinha que obter aprovação num exame, realizado na casa do juiz de ofício, diante de dois artesãos já examinados, e de acordo com as regras dos Regimentos, sendo posteriormente a “carta de exame” levada para a Câmara Municipal para ser vista, confirmada e registada sob juramento e assinatura do escrivão, daí o reconhecimento do rei a quem a exercia. Só então podia colocar oficina para, de facto, montar tenda para vender os seus produtos e aceitar encomendas.

Rui Martins era tão reconhecido no que fazia que, primeiramente, no ano de 1497 foi distinguido pelo rei com isenção fiscal. De acordo com a fonte, o rei isentou-o do pagamento dos seguintes impostos: Peitas (multas); Fintas, Pedidos e Talhas (contribuições municipais quando os impostos não chegavam para cobrir as despesas); Serviços Novos (Imposto pago pelos judeus no reinado de D. Afonso V, no valor de 300 000 libras anuais); Empréstimos. Seguidamente, no ano de 1503, foi distinguido com metade de uma fazenda de um pedreiro adúltero, que matara a sua mulher e fugira para o reino de Castela, ficando a outra metade da fatia para a sogra do anterior, a mãe da vítima em questão.

Rui Martins, 11.ºC1, n.º 27

Fonte / Source:

Fernandes, Isabel; Oliveira, António José (2004) Ofícios e mesteres vimaranenses nos séculos XV e XVI, Tese de Mestrado a presentada à Universidade do Minho , p. 138

Peças de artesanato executadas em estanho

Artisan objects made in tin

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Imagem acessível em http://bit.ly/2GPzbd4, acedido em 21/3/2018