Escala URICA-V: nova perspectiva com base na teoria de resposta ao item
Coleta de dados
Foi realizada coleta de informações
contidas nos prontuários dos pacientes do
Laboratório Integrado de Estudos da Voz
(LIEV) da Universidade Federal da Paraíba
(UFPB). Atualmente, esse laboratório conta
com um banco de dados de prontuários
impressos com mais de 1000 pacientes. Em
todos eles consta o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) assinado pelos
pacientes, que autoriza a coleta e utilização
dos dados para fins didáticos e científicos.
Foram
coletadas
informações
pessoais e profissionais dos indivíduos:
idade, gênero, estado civil, uso profissional da
voz ou não, grau de instrução e naturalidade,
bem como a Escala URICA-Voz (URICA-V),
versão validada para o português brasileiro
(Teixeira et al., 2013) (ANEXO 2).
A URICA-V tem a finalidade de avaliar
e identificar, por me io de autopercepção, o
estágio de prontidão do paciente para enfrentar
a terapia de voz (Teixeira et al., 2013). Possui
32 itens e 4 escores: pré-contemplação,
contemplação, ação e manutenção. Os
itens referentes a cada um desses estágios
apresentados no estudo de validação da
URICA-V são: pré-contemplação: 1, 5, 11, 13,
23, 26, 29 e 31; contemplação: 2, 4, 8, 12, 15,
19,21 e 24; ação: 3, 7, 10, 14, 17, 20, 25 e 30;
e manutenção: 6, 9, 16, 18, 22, 27, 28 e 32.
Cada item possui possibilidades de respostas
dispostas em uma escala tipo Likert de cinco
pontos, entre 1 a 5, na qual o respondente
pode escolher uma das seguintes respostas:
“discordo totalmente”, “discordo”, “não
sei”, “concordo” e “concordo totalmente”
(Teixeira et al., 2013).
O escore de prontidão para a mudança
é dado a partir da somatória da média dos
resultados dos estágios de contemplação,
ação e manutenção, seguida de subtração
do resultado do valor médio do estágio de
précontemplação. De 0 a 8, os indivíduos
estarão na fase de pré-contemplação; 8-11
para os indivíduos em fase de contemplação;
e 11-14 os indivíduos que estão preparados
para uma atitude de ação diante do problema
(Habits, 2015). Esse cálculo apresentado não
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Série Iniciados v. 23
foi utilizado neste estudo, pois seu foco era
a análise fatorial confirmatória. Para tal,
utilizou-se a análise de item a item descrita
abaixo.
Foram digitadas as respostas dos
pacientes à Escala URICA-V, item a item,
em uma planilha no Microsoft Excel versão
2010, a fim de construir um banco de dados
digital. Registrou-se no banco de dados os
prontuários de 1092 pacientes. Foi realizada
uma análise exploratória do banco de
dados com a finalidade de verificar erros de
digitação em todos os itens do protocolo,
investigando os dados omissos, bem como
os indivíduos que responderam uma única
categoria de resposta em todos os itens.
Esses foram excluídos do banco de dados
uma vez que suas respostas ao instrumento
apresentavam baixa fidedignidade.
Análise dos dados
Foi realizada análise estatística
descritiva, para caracterizar as variáveis
estudadas através de média, desvio padrão
e frequência através do software Microsoft
Excel versão 2010. Posteriormente foi
realizada análise estatística inferencial, por
meio da Análise Fatorial Confirmatória (AFC),
a fim de verificar a correlação entre os itens e
os estágios de prontidão que constituem os
domínios (fatores) da URICA-V, para estimar
quais itens se relacionam a cada estágio de
prontidão, possibilitando um monitoramento
ao longo do tratamento, além de uma melhor
acurácia para o instrumento no uso clínico.
Para análise fatorial utilizou-se
método de rotação - varimax, e método
de extração - fatoração do eixo principal
(PRINCIPAL AXIS FATORING - PAF). Os
itens foram considerados parte de um fator
quando apresentavam carga fatorial igual ou
superior a 0,300 (Daniel, 2009). As análises
estatísticas foram realizadas por meio do
software Statistical Package for Social Sciences
(SPSS), versão 21.0.
Realizou-se
análise
fatorial
confirmatória com os itens da URICA–V e seus
respectivos domínios. Observou-se que dos
oito itens previamente relacionados à pré–