Um dos muitos obstáculos que os coletores se deparam no cotidiano é o descarte incorreto de lixo feito pelos cidadãos. Os garis são as principais vítimas dos riscos a que estão expostos no trabalho por conta da própria "matéria-prima".
Segundo o engenheiro e professor em Segurança do Trabalho, Armando Vasconcellos, os coletores estão expostos a todos os riscos ambientais, sejam eles físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes - também conhecidos como riscos
mecânicos. Ele revelou que muitos acidentes têm sido "abafados" pelas empresas.
"Os acidentes ainda acontecem com frequência elevada, mas, infelizmente, nem todos os acidentes são registrados. Estima-se que as ocorrências não
representam nem a metade das que acontecem, pois existe certa 'pressão' dos gestores das empresas nos SESMT (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho), quanto há tais registros", explicou o engenheiro.
Ainda segundo ele, a forma mais segura de prevenir e evitar os acidentes é o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), de uso obrigatório para algumas atividades, por força das Normas Regulamentadoras (NRs), presentes na Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978. Uma delas inclui a atividade de coletor de lixo. É dever das empresas cobrar o uso dos EPIs, além de investirem em boas práticas de saúde e segurança no trabalho, com a promoção de treinamentos contínuos, para conscientizar seus funcionários sobre os riscos de suas atividades.
"Os riscos de acidentes aos quais os garis estão sujeitos não depende apenas das empresas onde laboram. É importante que as empresas públicas e privadas do segmento de saúde – incluindo hospitais, postos de saúde,
ambulatórios, clínicas, laboratórios, e também as farmácias - façam uma segregação de seu lixo conforme as normas vigentes", afirmou Armando Vasconcelos, que completou dizendo que é comum garis coletores se acidentarem com materiais perfuro-cortantes, como vidros
quebrados e seringas descartáveis - correndo assim, grandes riscos de serem contaminados com o vírus do HIV, Hepatite C, entre outros.
De acordo com o Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho de 2013, um total de 559.081 pessoas se acidentou no Brasil nesse ano. Em Alagoas, foram 4.332 acidentes no trabalho. Já o Hospital Geral do Estado (HGE) divulgou que em 2014 o número de profissionais atendidos por conta de acidentes de trabalho foi de 3.755, onde 146 pessoas foram multiladas.
Saúde e Segurança no Trabalho
"Estima-se que os acidentes registrados neste segmento não representam nem a metade dos que acontecem"
(Armando Vasconcellos, Engenheiro)