Slovenian Contemporary Portrait exhibition catalogue Nov 2013 | Page 7
Nika Perne
PREFÁCIO
Com a sua longa e interessante história – quer na fotografia quer
noutras práticas artístíicas – o retrato configura-se como um
género particularmente interessante. É um género que lida
fundamentalmente com o indivíduo e a sua identidade, ao mesmo
tempo que intervém intensamente na resolução de problemas de
representação e percepção do indivíduo e daquilo que é inerente
ao Homem e à Humanidade. De acordo com o historiador de arte
Mil?ek Komelj, uma visão mental perspicaz da personalidade é da
maior importânica no retrato, assim como uma visão que prenda a
atenção do espectador. Características semelhantes foram
atribuídas ao retrato pelo crítico de arte Max Kozloff, que considera
ser a dimensão da fotografia que melhor representa o conceito de
alma de cada indivíduo. O retrato é um género extremamente
enigmático que explora questões complexas, emergindo da
relação entre o autor, o retratado e o espectador. É esta relação
entre os três que levanta questões sobre dilemas sociais e sobre a
identidade e a importância do papel da fotografia num mundo
saturado de imagens.
O Retrato Contemporâneo na Eslovénia é uma exposição colectiva
que apresenta as características referidas, com algumas das séries
a não se demarcarem aparentemente da concepção tradicional do
género. O seu conteúdo centra-se sobretudo em condições
psicológicas e destinos individuais, ao mesmo tempo que desafia o
espectador com conceitos sensíveis, exigindo mais do que uma
simples olhadela. Os autores da exposição representam diferentes
orientações dentro do género, sendo a diversidade o pressuposto
subjacente à exposição. Katja Goljat e Borut Peterlin regressam
repetidamente ao mesmo momento específico da história do
retrato. Cada um à sua maneira segue os caminhos da história da
fotografia, superando-os, sobretudo com os estados emocionais
dos retratados e com o seu estilo próprio. De uma maneira
semelhante, alguns fotógrafos revisitam a história na forma de
notas de um diário. As suas séries variam entre uma
expressividade profunda e o documentário, sendo Nataša Košmerl
e Simon Chang os representantes mais óbvios deste género da
fotogravia eslovena contemporânea. Em Nataša Košmerl,
podemos encontrar caracteristicamente experiências e
explorações íntimas dela mesma e daquilo que a rodeia. No caso
de Simon Chang, que frequentemente joga com os media, o foco
situa-se no sentimento presente, experienciado pelo indivíduo no
seu ambiente familiar. As histórias que contam são comuns, dando
liberdade suficiente ao receptor para criar as suas próprias