Quadrante 29:
— Imagens e texto fornecidos por Howard Eskildsen
Fluxos de lavas levantam questões
As características predominantes nessa imagem
são as planícies de lava amplas e lisas do Mare
Imbrium, assim como as de Sinus Aestuum.
Elas cobrem partes de cadeias de montanhas e
crateras mais antigas e são o leito sobre o qual
crateras posteriores se formaram. Obviamente,
os traços parcialmente enterrados existiam antes
dos fluxos de lava, enquanto as crateras recentes
e as cicatrizes associadas a elas apareceram
depois da lava basáltica endurecer. Sendo assim,
escalas relativas de tempo podem ser facilmente
discernidas a partir da imagem ainda que o tempo
real envolvido não possa. Além disso, os traços
parcialmente enterrados levantam questões como
o que mais poderia estar sob os “mares” de
basalto.
Na parte inferior da imagem, tanto a montanha
Carpathian quanto a Apennine mergulham em
direção a uma fenda que estava inundada por lava
basáltica, o que sugere que estejam conectadas
abaixo das planícies e sejam parte do mesmo anel
externo de Imbrium. Ademais, na parte superior
direita da imagem, outras áreas montanhosas
perto de Beer e Feuilee mergulham sob as planícies de
basalto, sendo possível que se conectem, sob a superfície, a
picos próximos a Euler. De fato, parece que essa área pode,
em algum momento, ter sido um grande mar de lava, mas
não há meios para sustentar essa afirmação a partir dessa
imagem, por mais improvável que seja.
A resposta finalmente veio algumas décadas atrás a partir
da cratera Pytheas, quando ela foi fotografada pela Apollo
17. Fotos de suas paredes revelam que muitas camadas de
basalto foram formuladas por seus 2.3 km de profundidade, e
estima-se ter levado longuíssimos períodos para cada camada
tomar lugar, solidificar e esfriar até que a próxima fosse
formada. Outra imagem de satélite baseada na terra revelou
uma composição de elementos diferente das de várias
regiões de mares lunares, então havia vários fluxos de lava
de muitas composições diferentes, os quais produziram a
definitiva aparência plana da superfície. Amostras de Apollo
da lua, estudos espectroscópicos e outras técnicas de datação
também revelam que a bacia Imbrium foi escavada há
aproximadamente 3.85 bilhões de anos, com o fluxo de lava
mais intenso tendo ocorrido entre cerca de 3.7 e 3.3 bilhões
de anos atrás. Um dos fluxos de lava mais recentes pode ter
se dado há aproximadamente 2.5 bilhões de anos. Uau! A
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vida estava apenas em seus estágios iniciais na Terra
quando os fluxos finais esfriaram na lua.
É aparente que muito poucas crateras grandes
apareceram nos últimos 2-3 bilhões de anos na
lua. Sobre as crateras Eratosthenes, Timocharis,
Lambert e Euler, visíveis nesta imagem, calcula-se
que tenham sido formadas entre 3.2 e 1.1 bilhões de
anos atrás. Mesmo as crateras menores como Draper
e Draper C caem na mesma faixa de tempo. Em
todo esse quadrante, as únicas crateras consideráveis
de estimadamente menos de 1.1 bilhão de anos são
Pytheas e Copernicus, e Copernicus possivelmente
tem 800 milhões de anos, baseado nos dados de
Apollo 12. Uau, tanto tempo, tão pouca atividade!
Duas outras crateras nessa imagem merecem
discussão: Wallace e Pupin. A primeira é uma cratera
gasta e parcialmente enterrada que certamente
ultrapassa 3 bilhões de anos. Em ângulos bem
pequenos do sol, pode aparecer como um círculo
luminoso parcial cercado por escuridão, uma vista
extremamente rara e delicada. Em forte contraste, é
difícil acreditar que o pequeno fosso quase imperceptível
na ponta do eixo entre Wallace e Timocharis tem um nome.
A cratera de 2 km de largura conhecida por Pupin (o “u” é
Traduzido por Lara Prazeres
Sky’s
Up
pronunciado como “oo” e é responsável por fazer crianças
rirem e pais corarem*) é bem difícil de ser observada a partir
da terra e não foi oficialmente nomeada. Por pouco todos nós
estaríamos eternamente alheios à sua existência. Esta cratera
Sky’s
Up
também possui entre 3.2 e 1.3 bilhões de anos e servirá como
uma boa comparação para uma cratera de tamanho similar
(Linné), que é bem mais nova e será o tópico de discussões
futuras.
Traduzido por Lara Prazeres
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