Modalização
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Agora que você conhece um pouco mais de modalizações e como elas se mobilizam para a construção de sentidos, reflita: qual o tipo de modalização é mais usada na sinopse de livro? Por quê?
USO RESTRITO. VENDA E DISTRIBUIÇÃO PROIBIDAS.
Vimos nas seções anteriores diversos tipos de sinopses - de livros clássicos às de literatura marginal; sinopses feitas, em sua maioria, pelas editoras de livros, mas também de leitores amadores. Em todas elas é notável o uso de substantivos, adjetivos e advérbios positivos, sempre com o intuito de destacar a qualidade e relevância das obras a serem lidas - o objetivo, como enfatizado antes, é sempre atrair leitores.
Há diversas maneiras de se expressar em relação aos objetos e às pessoas - nas sinopses vistas, aqueles que a escreveram elogiaram extensamente tanto os autores quanto suas obras. Chamamos de modalização a expressão do posicionamento dos falantes acerca de seu objeto de discurso. Em outras palavras, a modalização é um processo pelo qual todo falante de uma língua passa ao expressar seus sentimentos, intenções e opiniões acerca de qualquer assunto.
Antes de falarmos para vocês um pouco mais sobre a modalização,, que é o nosso foco, precisamos falar rapidamente sobre outro fenômeno linguístico que está atrelado a ele: a referenciação. Ela é presente em todos os textos, uma vez que cria o objeto do que estamos falando. Na sinopse de livro, em específico, você notou que os alvos do que se ia falar (os próprios livros) são extremamente enaltecidos, pois este gênero trabalha com um nível de convencimento de potenciais leitores.
Voltando um pouco para a modalização, há três tipos dela: aléticas, deônticas e epistêmicas. Calma, não precisa se desesperar com os nomes difíceis! Nós te explicamos: as aléticas têm a ver com o valor da verdade do que está sendo falado. Um exemplo simples: “o céu é azul” ou “a Terra é redonda” são frases que nos trazem verdades, certo?
Continuando com as deônticas, elas se relacionam com algo que o falante considera que está expressando como algo que deve acontecer obrigatoriamente. Ilustrando: as frases “o governo deveria investir em educação” ou “todos os filhos têm que obedecer a seus pais” são exemplos desse tipo de modalização.
Por fim, a epistêmica é aquela que indica qual a relação entre o produtor de um texto com ele. Simplificando: é quando o produtor do texto se posiciona acerca dele, emitindo um juízo de valor sobre o que quer falar.
Resumindo: a referenciação cria o objeto do discurso - usando palavras como "clássico", "marco" e "referência", por exemplo -, enquanto a modalização é o recurso que demarca a posição do falante em relação ao objeto de sua fala e seu grau de envolvimento com aquilo de que se está falando: apenas há coisas positivas a serem faladas pelos livros, com substantivos e adjetivos que são mobilizados para enaltecer as obras em questão, sempre pensando em convencer os leitores a lê-las.