GUSTAVO SCHIAVINATTO
Ponta oposta
Se a dor negra de dentro te jogou
Ao fundo do céu, em cima do pó,
Assopra forte e suba ao real sol
Em oposição ao fel que te minguou.
Aquele que afasta o mal te acertou
Em súplica do olhar da musa só,
Pois, bela por bela, a morte é mor,
E, dor por dor, a morte não te achou.
Aguarde, sorrindo, que a chaga suma,
Pois, amigo, os piores já passaram,
E melhores virão n’outra paz, uma
Que a flecha pode trazer solidão.
Seja assim então, que traga dor numa
Ponta e, n’outra oposta, nova paixão.
Sarau a Tempo N° 3 - Outubro