A vida de uma bola
Estava repousando em minha sala quando um moço me levou até
uma quadra com seus capangas. Toda semana eles vinham a este local e
ficavam me arremessando de um lado para o outro. Eles batiam e
chutavam sem dó, porém parecia que estavam fazendo massagem e
cosquinha. Foi muito bom!
Neste dia em especial, o moço, que os capangas chamavam de Zeca,
me arremessou para cima e todos os pequenos saíram correndo atrás de
mim, dando chutes fortes que entravam direto no meu amigo gol. Eu
fiquei exausto, mas feliz, porque eles se divertiam muito fazendo isso.
Minha intenção era sempre alegrar o dia deles.
O sujeito que ficou pulando sobre a linha do meu colega, o gol,
nunca conseguia me pegar. Eu voava como um foguete com super turbo.
Piiiiiiiiiiiiiiiii – o apito tocava toda hora que o fulano fazia gol, acho
que em um jogo ouvi umas quatrocentas apitadas. E quando ele soava e
não era o meu time que havia balançado a rede, a equipe sempre se
lamentava.
No fim eles me deixaram no mesmo lugar de antes. Todos foram
para um lugar desconhecido, onde nenhuma bola já esteve até hoje, pois
só as bolas que moram por aquela região podem circular por lá.
A vida de uma bola é sempre bem agitada, por isso vou descansar
Tomás
agora, para amanhã brincarem comigo de novo.