Samba Acadêmico Brasil Edição 13 ANO II Abril 2017 | Page 27

150 anos

samba

mais de

Samba de São Paulo

Surge nas fazendas de café da região central do estado de São Paulo em meados do século XIX

MM

as para falar em samba qual é o que podemos nos referir? A Roda de Samba do Recôncavo Baiano outorgado como Obra Prima do Patrimônio

Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2005? O Samba Carioca tombado pelo IPHAN como Patrimônio Cultural do Brasil em outubro de 2007? Ou então o Samba de Bumbo ou Samba Rural Paulista cujo processo se encontra em reta final de homologação no IPHAN? O Samba nasceu onde havia o batuque feito pelos negros nascidos livres e trazidos escravos para o Brasil.

Pelo Telefone. O maxixe, ou também denominado como tango brasileiro, que também tem a autoria reivindicada por Hilária Batista de Almeida – A tia Cita, foi considerado o primeiro samba gravado. Como fato preponderante para esta eleição tinha que estar descrito no disco “SAMBA”. Em estudos e pesquisas posteriores encontram-se porem vários discos com a Tarja “SAMBA”, como por exemplo, em uma série de 1908 a 1915 da gravadora ODEON temos “A Vila Está Magoada” de Catulo da Paixão Cearense, “Moleque Vagabundo” Lourival Carvalho, “Chora, Chora Chorado” Bahiano, Janga e Grupo Paulista, entre muitos outros.

Assim pode-se comemorar 100 anos da gravação de Pelo Telefone, com registro em nome de Donga e Mauro de Almeida, como também se podia ter comemorado 100 anos para sambas anteriores a 1916 como, por exemplo, os citados acima. O Samba desenvolvido no Rio de Janeiro assume sua origem no Samba da Bahia, e contou também com a valorização do então Presidente Getúlio Vargas e da antiga estatal Rádio Nacional no Rio de Janeiro ainda Capital Federal.

O que se pode avaliar, no entanto é o quesito das salvaguardas incluídas nos referidos tombamentos proclamados, e para os que ainda se encontram em processo, e que vão garantir a perpetuação das culturas em suas devidas regiões. Ainda, a relevância histórica dos seus personagens incentivadores e praticantes da cultura em suas devidas regiões. Quando não valorizamos nossas culturas populares, perdemos a história e as lutas de nosso povo ficam jogadas ao Léo.

TD

recho do trabalho de Manzatti e que é parte do Processo a ser outorgado pelo IPHAN a cerca do Samba de Bumbo ou Samba Rural Paulista

, agora na Conclusão: “A Despeito dos prejuízos ou benefícios obtidos com a projeção do samba para além dos horizontes culturais das comunidades de origem, o processo metonímico que toma a parte do Rio pelo todo o Brasil, tornou míope a visão sobre a amplitude nacional do fenômeno Samba. O entendimento de sua gênese e de sua filiação aos Batuques, de ocorrência histórica antiga e de larga projeção geográfica, pode promover uma correção desse reducionismo analítico, ampliando as possibilidades de compreensão do seu papel exato dentro do universo dos nossos folguedos populares, sem prejuízo simbólico para a centralidade histórica do gênero no Rio de Janeiro.”(pag 93) “Até a década de 1930, da mesma forma, realizava-se o Samba em todos os redutos negros da capital paulista como o Bexiga, Barra Funda, região do Lavapés/Liberdade, Brás, Mooca e Penha, além de bairros do Jabaquara e da Saúde. Algumas das personalidades ligadas ao nascimento os Cordões Carnavalescos em São Paulo frequentavam os barracões de Pirapora, e promoviam sambas do gênero em suas casas e vizinhanças, como Dionizio Barbosa, fundador do cordão e, posteriormente, Escola de Samba Camisa Verde e Branco; Geraldo Filme, liderança dos cordões Campos Elíseos e Paulistano da Glória; além de madrinha Eunice, fundadora da primeira Escola de Samba de São Paulo, a Lavapés(1937), e, Dª Sinhá, do Cordão e, posteriormente, Escola de Samba Vai Vai.

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