Saci Pererê - 100 anos do Inquérito 2018 | Page 16

Elói Bocheco

Poema

Elói Bocheco

Saci Pererê

O Saci Pererê era uma miragem das mais ilustres em minha infância . Andava solto pelos campos , matas , terreiros , galpões , lavouras , estradas . Junto com outras visagens do repertório oral foi um grande companheiro de minha infância camponesa nos anos de 1960 . Este poema está presente no meu livro Cobra Norato e Outras Miragens .
Pula que nem esquilo Corre que nem preá Barrete vermelho e cachimbo , ele vai chegando ... ele vai chegando … ele vai assobiar ....
Quem deu nó cego no rabo do cavalo ? Quem gorou os ovos da galinha ? Quem desmanchou a casa do passarinho ? Foi o saci-pererê que saiu do redemoinho .
O fogo apagou Não foi a água A comida azedou Não foi o tempo A massa desandou Não foi o fermento Foi o Saci-pererê que saiu do vento .
Cadê dedal , cadê agulhinha ? Saci-pererê escondeu na cozinha . Misturou o milho e a cevada Botou sal na goiabada Trançou os cachos do trigo Jogou cinza no doce de figo .
Do monjolo faz peteca Do terreiro faz pião Do quintal faz chicote Da campina faz pilão
Da lenha faz carretéis Da cantina faz lagoa Da cerca faz gangorra Da ponte faz canoa Se deixar o saci por conta , não tem fim o que ele apronta . Mas , se lhe tirarmos o barrete encarnado , Pulará o saci para outro lado .
Vem redemoinho , vem ligeiro .... e leve embora este moleque arteiro !