RPL - Revista Portuguesa sobre o Luto 4 | Page 10

Dor de Perder

No dia em que partiste deixaste um rasto de dor. Uma dor que não se assemelhava a nenhuma outra. Porque essa dor tinha um sabor próprio. Um cheiro próprio. Essa dor, era tão contundente que a podia sentir fisicamente. Era a dor da desesperança. Do desamparo. A dor amarga. A dor do fracasso e da derrota. Dos sonhos desfeitos. Da consciência da finitude. Bastaram uns segundos para perceber que, naquele momento, tudo tinha desmoronado e tudo se tinha perdido. A antevisão de um longo caminho de reconstrução era uma realidade demasiado penosa. No meio da raiva, da incredulidade, da culpa, da confusão, não restava nada…Apenas um beco sem saída…e uma imensa escuridão. No dia que partiste…levaste contigo uma parte de mim…e essa parte, nunca mais voltou a ser minha.

Clara Costa, 49 anos

Conselheira do Luto

S. João da Madeira (Portugal)

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