RPL - Revista Portuguesa sobre o Luto 2 | Page 18

O Amor de Mãe e a Solidão no Luto

Existem coisas que ninguém pode fazer por nós, e o sentir é uma dessas coisas. Quando a Síndrome Hellp chegou em minha vida interrompendo meu sonho de ter minha filha nos braços pude ver que eu teria que passar por todo aquele caminho dolorido sozinha pois, por mais que as outras pessoas sentissem, ninguém sentia como eu, afinal a mãe enlutada era eu.

Foram tempos difíceis, ali conheci a verdadeira solidão, a sensação de estar perdida no meio do nada, no meio de tudo, sem razão, sem sonhos, passado ou futuro, andando a esmo esperando que algo aparecesse e me despertasse daquele sofrer tão sufocante que me consumia dia após dia, era a minha dor, o meu luto.

Ah... quão amargo é o despertar de cada manhã de quem está sem seu filho nos braços, vazio e sem razão, uma letra de uma música, o entardecer e o choro distante de um bebê tudo te remete ao filho amado que já não está em teu ventre e nunca estará em teus braços, e mais uma vez repito o quanto é amarga a solidão no luto de quem perde um amor, tão puro amor que é um filho, filho esse que nasce do amor, nasce de nós, não para nós, mas que sentimos ser nosso.

Foi um período amargo, ninguém compreende, acha que é fácil lutar, que é preciso lutar e por faltar compreensão apesar de sobrar colo e ombro amigo aqueles nos ama quer que superemos e seguimos em frente, e diante da cobrança daqueles que estão conosco nos sentimos sozinhos, pois, para quem passa por uma experiência dessa sabe a importância de ir ao fundo do poço, chorar a sua dor, sentir seu luto e voltar costurando a vida como

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