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Chiara
Me chamo Desirée, tenho 21 anos, sou casada e MÃE de 3 lindas meninas, Maria Clara de 7 anos, Clarice de 2 e minha anjinha Chiara de 19 semanas e 6 dias.
Bom, gostaria muito de deixar uma reflexão alegre de amor e superação, mas neste momento não é possível! Mesmo assim espero que possa ajudar com meu desabafo.
Perder minha Chiara, minha caçula, não foi fácil... Não tem sido fácil...!
Perde-la subitamente está sendo muito impactante em minha vida, perder um bebê saudável repentinamente depois de duas gestações super tranquilas é revoltante.
Estou nessa fase de revolta, não entendo, não acho justo, tenho raiva do mundo porque minha Chiara se foi, não encontro motivos para isso ter acontecido com ela.
Posso parecer egoísta ou mesquinha, mas queria minha filha aqui comigo do jeito que fosse: perfeita ou não. Não consigo me desprender da matéria, falar da Chiara me acalma, mas pensar na Chiara, me lembrar que ela se foi para sempre, me revolta completamente.
Ouvir as pessoas mandarem eu seguir em frente me chateia, afinal, eu acordo todos os dias, tomo banho, cuido das minhas filhas, faço a comida delas, vejo televisão e leio todos os dias, isso não é seguir em frente? "Que diabos é seguir em frente?"
Como posso pensar e ser otimista se meu grande amor! Minha caçulinha não vestirá as roupinhas que são dela, nunca sentirá o gosto do meu leite em sua boca para alimentá-la, nunca será paparicada por suas irmãzinhas, nunca dará um sorriso pro papai.
Nunca saberei a cor ou comida preferida da minha filha. Isso me abala de uma forma absurda.
Me pego pensando, e ainda planejando a chegada dela, chegaria em março, sendo a data prevista para o parto 12/03 meu melhor presente de aniversário, já que faço dia 15.
Seria xará de suas irmãs, todas duas nasceram em meses diferentes, mas o dia era sempre o 12.
Tento pensar positivamente para o novo ano que esta se aproximando, mas como? Se 2017 era o ano da Chiara, e onde está Chiara agora?
Como posso sentir saudades de algo que não aconteceu? Sentir saudades do que ficou por viver...
Às vezes penso que estou ficando louca, faço analogias sem sentido, entro em lojas admirando roupas de bebê como se a Chiarinha ainda estivesse aqui.
Todos dizem que essa dor vai passar, que logo conseguirei desapegar-me da matéria e ver que minha filha vai além de um corpo inerte, sem vida.
Eu sei que minha filha vai além disso, que nosso amor vai além desse sentimento ruim,