No último final de semana, Linn se apresentou pela primeira vez na Virada Cultural, no palco Cabaré Queer, montado no tradicional edifíco Copan, algo que ela vê como conquista. "É especial para muitas como eu, com experiências como as minhas. É importante para formar redes, ter uma troca, compartilhar minha música com essas pessoas é especial".
Para Linn, a apresentação no evento foi a oportunidade de dividir sua solidão com outras pessoas e encontrar, nelas, outras formas de solidão. "É tudo que sempre esperei, me sentir menos sozinha. É por isso que faço música". A solidão e a incompreensão são temas muito presentes na vida de pessoas transgênero. "É cruel. Toleram a nossa existência, mas poucos se envolvem, poucos fogem do que foram ensinados a gostar, desejar. Estamos sempre em negociação pela estética, pela vida, pelos afetos".
"É cruel. Toleram a nossa existência, mas poucos se envolvem, poucos fogem do que foram ensinados a gostar, desejar. Estamos sempre em negociação pela estética, pela vida, pelos afetos".
No videoclipe blasFêmea (à esquerda)
e no carnaval deste ano com Gloria Groove e Pabllo Vittar (abaixo)
presentes na vida de pessoas transgênero. "É cruel. Toleram a nossa existência, mas poucos se envolvem, poucos fogem do que foram ensinados a gostar, desejar. Estamos sempre em negociação pela estética, pela vida, pelos afetos".
Filha de mãe Testemunha de Jeová, nascida e criada no interior de São Paulo, Linn enfrentou dificuldades.
dificuldades. Viu, primeiramente no teatro, depois na música, formas de se expressar. "Existi e coexisti com a minha mãe. Ela foi entendendo o que aquilo significava. A maior preocupação dela é com a hostilidade contra nós. Fazendo performances, percebi a voz como parte do meu corpo também. Vi que o funk era usado para construir desejo, sensualidade. Percebi que não contemplava meu corpo bicha travesti. Comecei a escrever, mostrar para os outros". Na época em que fez teatro em Santo André, Grande São Paulo, Linn dividiu o mesmo teto com outro nome bastante conhecido e que também carrega esse discurso, Liniker.
percebi a voz como parte do meu corpo também. Vi que o funk era usado para construir desejo, sensualidade. Percebi que não contemplava meu corpo bicha travesti. Comecei a escrever, mostrar para os outros". Na época em que fez teatro em Santo André, Grande São Paulo, Linn dividiu o mesmo teto com outro nome bastante conhecido e que também carrega esse discurso, Liniker.
Percebi que não contemplava meu corpo bicha travesti. Comecei a escrever, mostrar para os outros". Na época em que fez teatro em Santo André, Grande São Paulo, Linn dividiu o mesmo teto com outro nome bastante conhecido e que também carrega esse discurso, Liniker.
Linn dividiu o mesmo teto com outro nome bastante conhecido e que também carrega esse discurso, Liniker. Em suas letras, Linn canta muito sobre o feminino e o empoderamento, falando de forma bem direta, assim como gosta de se descrever, sobre a sua realidade. "Canto o que eu precisava ouvir para me fazer existir e acreditar em mim. Agora, já trabalhando, percebo a importância de cantar sobre nossas vivências". Linn defende a individualidade independentemente dos padrões impostos, admitindo que está, ela mesma, em um período de transição. "Existem muitas formas de ser seu corpo. Prefiro pensar que existem ‘N’ sexos, como existem ‘N’ corpos.Somos ensinados sobre o que é homem, o que é mulher, o que é transimagem pré-criada, há negação. Hoje, estou satisfeita com meu corpo. Entre ser homem e ser mulher, sou eu".
12 | Rolling Stone Brasil | rolling stone.com.br
Maio, 2017