Um novo partido democrático
para o Brasil
Alberto Aggio
O
Brasil vive um momento dramático. Os brasileiros irão às
urnas em outubro esperando que o país encontre saídas
reais para a crise e um novo sentido de futuro. As últimas
escolhas e a composição dos últimos governos deixaram sequelas
profundas que comprometeram a credibilidade da política. Hoje, a
crise ética é uma fratura aberta, a segurança pública um descala-
bro, acossada pelo crime organizado. Parcas melhoras na economia
e no emprego não fizeram alterar este cenário de desesperança.
Diante da confirmação da condenação de Lula pelo TRF4, que
deve ceifar sua candidatura presidencial, o país tem diante de si
o desafio de superar o lulismo. A corrupção sistemática que arra-
sou o país nos anos do lulismo abalou todo o edifício político que
havia sido montado nestes anos de democratização. O cenário
pós-Lula deverá requisitar o concurso do conjunto da sociedade,
da opinião pública, dos intelectuais, dos partidos políticos e de
todos aqueles que possam se mobilizar pela reconstrução do país.
Lula e o PT nasceram no outono do autoritarismo como peças
do “sindicalismo de resultados”, com roupagem e retórica de
esquerda. No governo, analogicamente, o lulopetismo foi uma
"esquerda de resultados", nefasta à sociedade brasileira, especial-
mente aos mais pobres, pois os subalternizou, fixando-os em seus
interesses individuais e impedindo qualquer perspectiva de eleva-
ção cultural e política que os convocasse a formular e comparti-
lhar um projeto nacional e civilizatório. O lulopetismo foi tóxico à
democracia e à esquerda. Como escreveu Demétrio Magnoli, em
artigo recente, "a 'esquerda' lulista escolheu o capitalismo selva-
gem do consumo privado, do crédito popular, do cartão magné-
tico, das Casas Bahia e do Magazine Luiza" como horizonte de
satisfação hedonista das massas.
A pragmática petista contou, das origens até agora, com a
anuência da "esquerda maximalista" que soldava apoios ao
“grande líder” quando julgava necessário e conveniente. Um papel
jogado também pelos intelectuais das universidades públicas. Foi
assim que o lulopetismo condenou o Brasil a não ver realizada a
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