Declínio democrático
e polarização política
Elimar Pinheiro do Nascimento
N
os anos 1970 e até início dos 1980, o mundo deslanchou em
direção à democracia. Ditaduras em todo o mundo, como
em Portugal, Espanha, Grécia, Brasil, Argentina, Bolívia,
entre tantos outros, ruíram, e deram lugar a regimes democráti-
cos. E esta ascensão permaneceu até começos deste século.
Em 2011, segundo o Economist Intelligence Unit Democracy
Index, entre 167 países, havia no mundo 20 países plenamente
democráticos e 59 classificados como democracias imperfeitas. O
Brasil foi classificado nesta categoria, evidentemente. Aliás, na
primeira categoria havia apenas o Uruguai, na América Latina, e
nenhum país africano ou asiático. O estudo usa cinco critérios
para avaliar a qualidade das democracias: processo eleitoral (nível
de justiça, liberdade e pluralidade das eleições); funcionamento
do governo (honestidade e eficácia com questões financeiras);
cultura política (participação política dos cidadãos e apoio ao
governo) e liberdades civis (liberdade de expressão e de imprensa).
E avalia os países em quatro categorias: democracia plena, demo-
cracia imperfeita, regimes híbridos e regimes autoritários. Nestes
itens estamos lá em cima no processo eleitoral (9,58, sobre 10) e
nas liberdades civis (8, 24). Somos reprovados em cultura política
(5) e funcionamento do governo (5,36).
Se o movimento de ascensão à democracia iniciou-se nos anos
1980, sua estagnação ocorre a partir de 2011, pois a segunda
década do século XXI assiste a uma queda no índice democrático
mundial. Entre 2016 e 2017, por exemplo, 89 países apresentaram
queda no índice democrático, Brasil inclusive, que caiu do 47º
lugar para o 49º. De toda forma, em 2017 a maior parte da popu-
lação mundial vivia em países democráticos (50,3%), distribuídos
em 76 países. Contudo, eles já foram 79, em 2011.
Segundo a Freedom House, um centro de estudos nos Estados
Unidos dedicado à análise da liberdade no mundo, 2013 foi o
oitavo ano seguido em que a liberdade global declinou. Economist
atribui o declínio da democracia no mundo a dois fatores: a crise
econômica internacional e a ascensão da China. No primeiro caso,
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