Não podemos esquecer o passado
João Baptista Herkenhoff
Quando, no Brasil de 2019, algumas pessoas têm a infeliz ideia de pensar em volta da ditadura, os idosos (integro este grupo) têm o dever de falar.
Durante o período da ditadura, mantive correspondência com exilados. Um dos principais temas das cartas eram as notícias que lhes dava a respeito da luta pela anistia ampla, geral e irrestrita. Eu integrava, nessa ocasião, o comitê pela anistia. Esta participação, no combate em favor da Anistia, é certamente o mais relevante item do meu curriculum vitae. Uma das pessoas com quem mantive contato epistolar foi Zélia Stein, que veio a falecer longe da Pátria, no Uruguai.
Todas as cartas que me chegavam às mãos eram violadas. Os censores nem tinham o pudor de disfarçar o desrespeito à privacidade. Muito pelo contrário. Depois de abertas e lidas, as cartas eram lacradas com fitas adesivas grossas, de modo que o destinatário soubesse que seus passos estavam sendo vigiados. Tenho no meu arquivo essas missivas.
De que tratava a correspondência com Zélia Stein? Tramávamos atentados, atos de sabotagem, resistência armada à opressão que estava sendo imposta ao povo brasileiro?
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