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AQUELA QUE SE TORNOU BEM-VINDA

O apelido, de origem iorúbá, significa "aquela que é bem-vinda". Mas Ana Lúcia de Lima, a Akíní, ao contrário, teve que abrir com muita luta cada porta de sua vida. Aos sete anos, em vez de estudar e brincar, dava duro como empregada doméstica em Belo Horizonte, seguindo o mesmo destino da mãe e da avó. Trabalho infantil, trabalho escravo: como pagamento, apenas casa e comida. O primeiro salário só veio quando já morava em Brasília e amargava dez anos de muita labuta.

Aos 30 anos, mãe de 4 filhos, conseguiu terminar o ensino médio. Passou por várias profissões, até encontrar seu caminho na arte de valorizar a beleza e a cultura negra. Começou em casa, tratando dos cabelos das amigas. Até que, em 1993, abriu um dos primeiros salões, de beleza afro do Distrito Federal o Akíní. Ganhou então o apelido e se tornou enfim bem-vinda.

"Toda mulher negra queria alisar o cabelo, nosso cabelo era duro, ruim, não prestava. O alisamento era à base de soda cáustica, que provoca queimadura de segundo grau, terceiro grau. E não existia a opção de fazer uma trança, um penteado mais natural", relembra.

“O tempo passou, as mulheres negras descobriram que seus cabelos são lindos. Mas muitas até hoje procuram Akíni para "melhorar o cabelo",porque seus patrões não aceitam o estilo afro. A cada vez que isso acontece, Akíní lembra o dia em que, ainda criança, passou pelo primeiro alisamento forçado.

"A patroa comprou um produto à base de soda e passou na minha cabeça. Deu umas feridas que quando eu tentava tirar arrancava a casca com cabelo e tudo", conta.

Hoje, ela exibe com orgulho uma mistura de trança com dreadlocks, sempre envoltos num turbante. O visual se destaca ainda mais quando está atrás do tabuleiro como baiana do acarajé, legado da avó materna.

Aos 59 anos Akíní lamenta que ainda hoje muitas mulheres negras não reclamem seu espaço

ruim, não prestava. O alisamento era à base de soda cáustica, que provoca queimadura de segundo grau, terceiro grau. E não existia a opção de fazer uma trança, um penteado mais natural", relembra.

“O tempo passou, as mulheres negras descobriram que seus cabelos são lindos. Mas muitas até hoje procuram Akíni para "melhorar o cabelo",porque seus patrões não aceitam o estilo afro. A cada vez que isso acontece, Akíní lembra o dia em que, ainda criança, passou pelo primeiro alisamento forçado.

"A patroa comprou um produto à base de soda e passou na minha cabeça. Deu umas feridas que quando eu tentava tirar arrancava a casca com cabelo e tudo", conta.

Hoje, ela exibe com orgulho uma

mistura de trança com dreadlocks, sempre envoltos num turbante.

O visual se destaca ainda mais quando está atrás do tabuleiro como baiana do acarajé, legado da avó materna.

Aos 59 anos Akíní lamenta que ainda hoje muitas mulheres negras não reclamem seu espaço

‘“A mulher pobre que mora na favela não sabe que tem direitos , porque a notícia não chega até ela.A mulher negra sofre muito mais na carne do que as mulher branca.A quantidade de mulheres negras agredidas é muito maior que a de mulheres brancas.A mulher negra ainda ganha menos.A mulher negra ainda ganha menos que o homem branco e do que o homem negro”, protesta.

“A MULHER NEGRA SOFRE MUITO MAIS NA CARNE DO QUE A BRANCA”

afirma Akíní,vítima de trabalho infantil e escravo.

Vídeo chamadada Marcha das Mulheres Negras , Contra o racismo e a violência e pelo bem viver no dia 14 de Janeiro de 2015

Akini na Marcha das Mulheres Negras