"Como explica esse fenômeno
As pessoas têm um olhar. Eles pas-sam, tiram uma fotocópia ali e aquilo ali pra eles é a realidade. Nós temos que desconstruir o conceito porque realidade não é uma pedra .Realidade é algo moldável. Se nós pegarmos e derrubarmos isso aqui, isso pode ser o que você quiser.
Como você vê essa escalada conservadora que está rolando?
Eu acredito que esse é o momento da revolta deles, sabe?Nós crescemos,então agora tem um enfrentamento.
Como foi gravar um disco com pessoas em situação de rua?
Em 1993, eu gravei um disco chamado Vamos apagá-los,com o nosso raciocínio com moradores de rua. Foi bastante inspirado e guiado pelo Raising Hell, que era o disco do RUN DMC.
Esse processo tá acontecendo no Brasil?
As pessoas quando me convidam pra eventos mais próximos do centro, elas sempre falam "Gog, pô! Por que bater de frente com racismo?". Eu falo "não". É preciso colocar um pouco de amargo nesse café da manhã do Brasil.
Você previa os “populares portando pistolas” em Brasil com P. Ainda Prevê?
Na realidade, a pistola não é necessariamente, na poesia, um revólver. O microfone pra nós ele é um revólver. Na realidade também, o que eu quis dizer, é que uma pessoa que se propõe a ser, entre aspas, “um revolucionário”, ele tem que guardar o erre [revólver] no bolso.Tem que evoluir primeiro.
"Eu me lembro que nó s
estávamos lá e entrou o Bope. Todo
mundo deitou no chão. Eles marcharam em cima"
O Ardiley Queiroz fala sobre a repressão policial no Quarentão no filme
“Branco sai,preto fica”
.Chegou a pegar isso?Essa cena é recorrente noQuarentão. Eu me lembro que nós estávamos lá e entrou o Bope. Todo mundo deitou no chão. Eles marcharam em cima.
Você faz música negra voltada para a realidade , como você vê O fenômeno do funk ostentação?
Se você for olhar ali: "Adquira seu Audi, a partir de apenas de R$ 99.999!". O que que gera isso na minha cabeça? Que posso comprar um Audi. E na cabeça do outro ali que não pode comprar um Audi? Ele quer ter um Audi também. Ele quer ter um tênis de mil conto. E aí? É isso que gera essa cena. Aio cara fala "Ah, mano, é pra mim ser, eu tenho que ter".
R$ 99.999!". O que que gera isso na minha cabeça? Que posso comprar um Audi. E na cabeça do outro ali que não pode comprar um Audi? Ele quer ter um Audi também. Ele quer ter um tênis de mil conto. E aí? É isso que gera essa cena.
Quando vê negros comprando teses racistas, como fica?
Esses dias mesmo, um homem negro, um rapaz da minha idade, ele falou "Gog, eu tenho que contar uma coisa pra você: os negros são inferiores aos brancos, mano. Por isso que tem que ter cota pra nóis". Então, a matemática na prática dele tá totalmente invertida. Mas como ele se acha inteligente, eu falei: "Irmão, então vai pra sua caminhada. Eu não tenho tempo pra você".
Como explica esse fenômeno?
As pessoas têm um olhar. Eles pas-sam, tiram uma fotocópia ali e aquilo ali pra eles é a realidade. Nós temos que desconstruir o conceito porque realidade não é uma pedra .Realidade é algo moldável. Se nós pegarmos e derrubarmos isso aqui, isso pode ser o que você quiser.
Como você vê essa escalada conservadora que está rolando?
Eu acredito que esse é o momento da revolta deles, sabe?Nós crescemos,então agora
tem um enfrentamento.
Você previa os “populares portando pistolas” em Brasil com P. Ainda Prevê?
Na realidade, a pistola não é necessariamente, na poesia, um revólver. O microfone pra nós ele é um revólver. Na realidade também, o que eu quis dizer, é q
O meu disco novo, agora mesmo, não tem recursos de ninguém. A gente mesmo que tá fazendo, a gente que faz as coisas, de cabo a rabo.
Como funciona a auto-gestão?
Nós temos que gerar um fluxo pra que nós possamos trabalhar. A gente tem plena consciência de que o principio da normalidade não veio pra condecorar os normais, mas sim pra punir os anormais.
Sua educação foi mais severa por conta da sua mãe ser professora?
Eu era o Genival nesse época.Mamãe era muito exigente né? Eu na 7 série, uma vez a professora chama meu pai. E aí e-u falei “;Ah, hoje eu tomo uma coça!” E quando foi lá meu pai chegou todo feliz, ‘pá’. “Não, ó, sua professora pediu pra você dá aula de reforço pra sua turma junto com ela” [risos].
E quando você foi para o guará?
Aos 8 anos, eu venho pro Guará e
venho pro Guará das ruas de terra.
Eu to no Guará hoje e tem muito da resistência. Aqui no Guará, tinhamos nós, tinham os Espectros, tinha os Bira. Depois veio os The Brothers e todo final de semana tinha o lazer em algum lugar. Não tinha baile ainda na época. Era som em casa.
E as festas da época?
Quarentão, Primão, Clube dos 200, Ascade... Era muito suor, muita alegria... Eu comecei assim a dançar com doze anos. Aquilo que você ensaia a semana toda, sabe, pra dançar no final de semana? Era os bailes, era em casa. Nós era os penetra, mano.
Como vocês faziam pra penetrar nas festas?
Fazia um aniversário do seu filho. Você e a família dentro e a queles duzentos lá fora. Daqui a pouco Libera o portãozinho. Cê entrava pegava um refri, uma paradinha, voltava pra rua
O Ardiley Queiroz fala sobre a repressão policial no Quarentão no filme
“Branco sai,preto fica”.Chegou a pegar isso?
Essa cena é recorrente no
Quarentão. Eu me lembro que nó s
estávamos lá e entrou o Bope. Todo
mundo deitou no chão. Eles
marcharam em cima.