Revista Tipográfico - 2ª Edição tipografico vol.2 (1) | Page 34
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(Matte painting nos
cenários de O Mágico de Oz.)
apareciam em outro, ainda com a leve impressão
de movimento entre as imagens capturadas.
Mais tarde, esta técnica foi nomeada como
stop motion, que consiste em fotografias de ce-
nários, objetos e figuras quadro a quadro, ge-
rando a ideia de movimento. O processo está
presente em Le Voyage Dans La Lune (1902),
outro filme aclamado de Méliès, conhecido
como o primeiro filme de ficção científica.
A obra contém, além do stop motion, outras
técnicas criadas pelo ilusionista francês, como
perspectiva forçada, miniaturas, exposição
múltipla, matte painting e até mesmo anima-
trônicos — processos variados que demons-
traram o quanto Méliès, ao decorrer de seus
quase 555 filmes, estava à frente de seu tempo.
Apesar de ter sido um artista glorificado por
muitos ícones, incluindo Charles Chaplin, Ge-
orge Méliès desiludiu-se com o cinema e ter-
minou seus dias trabalhando em uma pequena
loja de antiguidades no metrô de Paris.
O stop motion ganhou popularidade com o
tempo, e fez parte de filmes como The Lost
World (1925) e Cidadão Kane (1941), além
de ser uma técnica conhecida em animações,
como O Estranho Mundo de Jack (1993), A
Fuga das Galinhas (2000), e Coraline (2009).
M AT T E PA I N T I N G
Quando ainda não se podia reproduzir digital-
mente ambientes inexistentes, quiméricos ou
impossíveis de gravar, os cineastas procuravam
artistas versados em uma das práticas mais pri-
mitivas da humanidade: a pintura.
A partir desta arte que o matte painting sur-
giu. A técnica consiste em pintar imagens em
perspectiva para as cenas, geralmente cenários
colocados manualmente atrás de objetos de
primeiro plano. O método também pode ser
feito em vidro, para dar a impressão de um es-
paço mais ampliado, a fim de evitar o custo de
construções reais.
O Mágico de Oz (1939), de Victor Fleming,
é um bom exemplo do matte painting utili-
zado para reproduzir cenários fantasiosos.
The Last Days of Pompeii (1935) e King Kong
(1933) também possuem panoramas simi-
lares, assim como The Great Train Robbery
(1903), de Edwin S. Porter — filme inova-
dor em vários aspectos, sendo o primeiro
a ser gravado em ambientes externos e em
vários locais diferentes, utilizando o matte
painting para compor partes da paisagem.
A técnica perdeu notoriedade no início
dos anos 1990, quando os departamentos
de matte painting foram substituídos pelo
uso do chroma key.
M I N I AT U R A S
Do mesmo modo como cenários eram repro-
duzidos a fim de substituir o inimaginável ou o
impossível, as miniaturas também tinham este
papel na criação dos filmes.
No mundo futurístico de Metrópolis (1927),
de Fritz Lang, modelos em miniatura foram
empregados juntamente com paisagens urba-
nas em escala real, adicionados a técnicas de
perspectiva que criaram ambientes extraor-
dinários para a época.
King Kong (1933) também foi outro longa pro-
duzido com miniaturas — além do uso de mat-
te painting no vidro, projeções e um chroma
key bem primitivo. O gorila de 45 centímetros,
feito por Willis O'Brien, foi capaz de apavorar
e encantar as audiências, que acreditavam em
uma criatura de 12 metros de altura represen-
tada nas telonas. Certas sequências do filme
são incompreendidas por especialistas ainda
nos dias de hoje.
Outros filmes que utilizam miniaturas e ma-
quetes são O Grande Hotel Budapeste (2014), O
Senhor dos Anéis (2001 – 2003), I ndiana Jones e
a Arca Perdida (1981) e Batman (1989).
A N I M AT R Ô N I C O S
Quem já assistiu Jurassic Park (1993) e lem-
bra da agonizante cena de perseguição do
Tiranossauro Rex na chuva com certeza
sabe qual é a sensação de se impressionar
com um animatrônico.
Um animatrônico equivale a um dispositivo
robótico confeccionado para representar al-
gum ser vivo, desde humanos até dinossau-
ros e outras criaturas fantásticas. O objetivo
principal é fazer com que o robô realmente
possua estética e movimentos fiéis e realis-
tas, de acordo com o que ele simboliza.
Em Tubarão (1975), de Steven Spielberg, a
missão era construir um tubarão animatrô-
nico que funcionasse no mar. O serviço era
complicado, mas, por fim, foi concluído com
sucesso — apesar de alguns problemas que
ocasionaram atrasos nas filmagens. Para com-
pensar, Spielberg trabalhou o dobro do tem-
po, e conseguiu fazer com que o longa alcan-
çasse o público com muito êxito.
DUPLA EXPOSIÇÃO
Conhecido também como exposição múltipla,
o efeito consiste em duas imagens diferentes
mostradas na mesma cena, sobrepostas. An-
tes de ser usada como efeito de câmera no
cinema, a técnica era praticamente um erro:
quando o filme não era girado da forma cor-
reta, a câmera registrava duas fotos no mesmo
espaço do negativo, causando a sobreposição.
Le Voyage Dans La Lune (1902) e The Great
Train Robbery (1903) já apresentavam esta téc-
nica, mas foi com filmes como The Invisible
(Miniaturas de
O Senhor dos Anéis.)