Revista Tipográfico - 2ª Edição tipografico vol.2 (1) | Page 32
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A
EVOLUÇÃO
DOS
EFEITOS
ESPECIAIS
E
VISUAIS
(Willis O'Brien
trabalhando
com a miniatura
de King Kong.)
J
á se perguntou como foi possível Tom
Hanks apertar a mão de John F. Kennedy
em Forrest Gump? Ou como conseguiram
fazer com que Orson Welles, aos 26 anos, pare-
cesse anos mais velho em Cidadão Kane?
O mundo cinematográfico proporciona opor-
tunidades para que artistas de diversas áreas
possam colocar seus talentos e técnicas em
ação. Entre estes profissionais, encontram-se
os responsáveis por criar ilusões óticas intri-
cadas e trazer de volta à vida seres já extintos
ou pessoas que já morreram: a galera de efeitos
especiais e efeitos visuais.
Para entender melhor a evolução das técni-
cas, é necessário saber a diferença entre efei-
tos especiais e visuais. Os efeitos especiais são,
basicamente, aplicações práticas que ocorrem
durante as gravações, e podem ser utilizados
para manipular condições climáticas ou criar
determinadas situações através de mecanismos
específicos, como os efeitos de tiro, ou óticos —
manipulação de câmera e iluminação.
Os efeitos visuais são procedimentos aplicados
a imagens reais, geralmente feitos por compu-
tação gráfica. Além de estarem presentes nas
animações, os efeitos visuais são usados para
modificar, inserir ou retirar elementos nas ce-
nas — elementos que, na maioria das vezes,
não são possíveis de reproduzir na prática.
Atualmente, é difícil encontrar um filme sem
efeitos visuais, mas eles nem sempre estive-
ram presentes na produção cinematográfica. E,
para compreender adequadamente como o ci-
nema moderno funciona, é interessante voltar
para a época dos cenários pintados à mão e dos
jogos de câmera capazes de enganar até mesmo
o mais atento espectador, e conhecer como os
trabalhos eram feitos tradicionalmente. me The Execution of Mary, Queen of Scots
(1893), produzido por Thomas Edison, com
a cena da decapitação da rainha. O proces-
so aconteceu quando, no momento em que
a cabeça seria cortada, pararam a gravação,
congelaram os atores e substituíram a atriz
que interpretava a rainha por um boneco.
Hoje em dia, ao observar bem a cena, é pos-
sível ver claramente o momento da troca,
mas, na época, a audiência estava bem con-
vencida de que eram imagens reais. Surgiu, a
partir de então, o truque e a manipulação da
verdade no cinema.
Tratando-se, ainda, dos pioneiros nos efeitos
especiais, é crucial a menção de George Méliès.
O ilusionista francês, conhecido como “The Fil-
mgician,” foi criador de técnicas revolucionárias
que repercutiram no mundo do cinema por
muitos anos, inspirando gera-
ções de cineastas.
OS PIONEIROS STOP MOTION
Horse (1878), o primeiro filme da história, pode
ser considerado por si só como o primeiro efeito
especial, já que o surgimento do próprio filme
foi um efeito especial naquele período. Eadwe-
ard Muybridge, em uma tentativa experimental,
fotografou o cavalo cavalgando com uma série
de 24 imagens, fotografadas por 24 câmeras.
O objetivo inicial do experimento era determi-
nar se um cavalo galopante levantava todos os
pés durante a marcha, mas a filmagem acabou
se tornando o marco inaugural de uma era de
entretenimento que estava por vir.
Entretanto, o primeiro efeito especial “de
verdade” que se tem registro ocorreu no fil- Pode-se dizer que a criação
do stop motion sucedeu quase
que... acidentalmente.
No final do século XIX, George
Méliès, e laborando suas filma-
gens enquanto caminhava pelas
ruas parisienses, teve o obtura-
dor de sua câmera travado por
alguns instantes.Quando ele
voltou a gravar, as pessoas esta-
vam em posições diferentes. O
fruto desta “falha” foi um filme
em que os figurantes desapare-
ciam de um local e
(Imagens
do cavalo
galopante
em Horse.)