Revista Tipográfico - 2ª Edição tipografico vol.2 (1) | Page 24
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que mais gostam e tentam encontrar uma poesia dentro de um
espaço que apoia e dá significado ao que o artista faz.
Em diversas reuniões, Es pede para sua equipe criar modelos
a partir das ideias do grupo – modelos que passam, posterior-
mente, por várias mudanças até o resultado final. O motivo, se-
gundo ela, está na singularidade de cada criação. Cada trabalho
conta uma história inédita, com simbolismo único.
Seu trabalho no mundo pop começou em 2003, com a banda
britânica Wire. Dois anos depois, Kanye West viu imagens de
uma de suas instalações, produzida em parceria com os artis-
tas Jane & Dinos Chapman, e pediu para que Devlin repensasse
todo o show de turnê em 10 dias.
Depois deste episódio, os shows de música pop cresceram em seu
repertório. Es produziu o cenário da turnê Formation, de Beyoncé,
que gerou certa curiosidade quanto a um detalhe do espetáculo:
uma fenda de luz que corta um dos cubos presentes no palco.
O detalhe está ligado a um conceito mais profundo, provenien-
te de memórias da infância de Beyoncé. A artista afirmou que,
quando criança, assistia a cultos religiosos na televisão e, quan-
do o pastor pedia dizia...
A cenógrafa também colaborou com a cerimônia de encerra-
mento da Olimpíada de Londres e, no Brasil, integrou o time
que concebeu a abertura dos Jogos Olímpicos do Rio – além do
projeto da passarela do desfile da Louis Vuitton, ainda no Rio.
Seu trabalho gerou repercussão e Devlin foi agradecida com o
OBE, Order of The British Empire.
Ultimamente, Es foi convidada pela grife francesa Chanel a criar
um projeto da maneira que ela quisesse, desde que o tema fosse
relacionado à “fragrâncias.” Ela então conceituou sua composição a
partir de um labirinto de espelhos, onde o público era direcionado
para um pavimento que se abria com efeitos de luz e imagem, dan-
do a sensação de queda e criando uma metáfora física e escultural.
Além disto, Devlin desenvolveu outro trabalho atual, chamado
ROOM 2022 – uma arte comissionada para a Art Basel Miami
Beach, que consiste em uma instalação interativa mostrada em
um espaço construído no hotel Edition. Na instalação, existem
vários labirintos com réplicas dos corredores e portas dos quar-
“COLOQUE SUA MÃO NA TV,” SEN-
TIA A PRECE. SEGUNDO DEVLIN,
“NA CABEÇA DE UMA CRIANÇA,
ERA A COMBINAÇÃO DO QUE A
TELEVISÃO FAZ E DA SENSAÇÃO
QUE O TOM E A LINGUAGEM DA
ORAÇÃO TRANSMITEM. ELA PER-
CEBEU QUE ESSE GRANDE BLO-
CO COM A LINGUAGEM DELA ERA
OUTRA FORMA DE TRANSMITIR
QUEM ELA É E O QUE ELA FALA.”
SHOW DA ADELE
NO ARENA WORLD
TOUR, EM 2015.
tos do hotel. Todas as portas, exceto uma, estão
trancadas. A que está destrancada leva para ou-
tro mini hall com mais portas, que induz a uma
terceira réplica da mesma experiência. Tudo en-
volto diversas cores, imagens de vídeo e poemas
escritos e declamados por Devlin.
Sobre a experiência, ela conta: “Eu estava pensan-
do no sistema que faz os hotéis funcionarem. É
muito parecido com o teatro, na medida em que
há um pouco de ilusão. Você se envolve na ilusão
de que o quarto é seu. Quando você deixa o lixo ou
não faz a sua cama, quase acredita que há uma má-
gica invisível que arruma tudo antes de retornar.”
Recentemente, por causa de sua experiência
com musicais, Es foi convidada a desenvolver
uma peça com intuito de refletir sobre a rela-
ção entre a música e a arte, e sua ideia imedia-
ta foi fazer um cubo rotatório, para projetar
imagens dos vários shows que desenvolveu ao
longo da sua carreira.
RASCUNHO
PARA CENÁRIO
DA FORMATION TOUR.
BEYONCÉ NA
FORMATION TOUR,
EM 2016.