Editorial
O AVANÇO TECNOLÓGICO NECESSÁRIO PARA O SETOR
Nesta edição , a reportagem especial da nossa Revista Tecnicouro traz um assunto latente na indústria de transformação do couro e calçado que é como de fato a automação vem sendo aplicada no setor . Além de abordar alguns sistemas já implantados e que vêm resultando em benefícios como aumento da qualidade nos produtos , maior precisão na execução dos processos , mais agilidade , diminuição da quantidade de etapas ao longo das linhas de produção , menos retrabalhos e desperdício de materiais , a matéria também destaca desafios para se avançar ainda mais no assunto . Não deixamos de apontar , inclusive , possíveis motivos que levam algumas empresas a oferecerem resistência para implantar em suas linhas de produção novas tecnologias ou até mesmo a subutilização de tecnologias que elas próprias já dispõem em seus parques fabris .
Para elucidar toda esta trama envolvendo a questão , a redação ouviu os presidentes da Abrameq e Abicalçados , entidades que representam respectivamente os fabricantes de máquinas , equipamentos e de calçados , além de dirigentes de três empresas fabricantes de tecnologias para a produção , e de três marcas de calçados - uma feminina , uma infantil e uma de segurança e ocupacional .
Entre os motivos elencados para agilizar a adesão a automatização dos processos estão a dificuldade de encontrar trabalhadores capacitados e a tendência de aumento do custo da mão de obra , que se somam à complexidade de alguns processos repetitivos , que poderiam ser executados de forma mais eficiente por máquinas programadas .
Também ouvimos que é necessário sempre se perguntar se determinado tipo de automação é realmente necessária , levando em conta nesta avaliação quais serão realmente os benefícios que esta implantação irá proporcionar aos clientes . Esta reflexão caminha junto com as exigências do mercado com relação à rastreabilidade e à sustentabilidade nos processos produtivos , além da diminuição de custos , pressionando o setor fabril a ser cada vez mais competente e criativo nas soluções que desenvolve . No meio de tantos dilemas , é muito importante observar que a indústria calçadista brasileira , mesmo necessitando de mais apoio para investir em pesquisa e desenvolvimento , tem alcançado uma produtividade superior , quando se compara os resultados em pares produzidos por trabalhador aqui com a performance registrada nos principais países concorrentes , como Vietnã , e China , o que nos leva a acreditar que o setor calçadista nacional pode ser ainda mais competitivo se avançar na introdução de novas tecnologias que agreguem valor através da automatização de seus processos e na inteligência artificial , capacitando os trabalhadores para novas funções mais estratégicas e menos repetitivas .
Claudio Chies
Presidente do Conselho Deliberativo