Revista Tecnicouro - Edição 313: comepleta Ed. 316 - completa (Jan/Fev) – 2020 | Page 32
COLUNA
EPI s
A importância do grip
em calçados profissionais
Me. Ademir Paulo D. de Varga
coordenador técnico dos Laboratórios de Materiais do IBTeC
D
entre vários produtos utilizados pelo ser huma-
no, a utilização do calçado destaca-se pelo uso
diário e pela grande importância no auxílio da
prevenção de algumas patologias provenientes da resposta
que o solo transmite ao sistema músculo-esquelético resul-
tante da força peso. Dependendo de alguns fatores o calça-
do como é concebido ou produzido pelo fabricante afetará,
de forma positiva ou negativa, a saúde e a performance
do pé e de todo o corpo. A especificidade do calçado deve
atribuir algum detalhe além de prevenir lesões, e este deve
proporcionar segurança e conforto.
Durante a marcha o calçado é submetido a diferentes
situações, dentre as quais podemos citar a absorção de im-
pacto, i.e. filtrando o choque e minimizando as vibrações
provenientes do solo e ainda promover a segurança entre
as superfícies do solado do calçado e do solo. Forças de
mesma intensidade com altos valores de impacto incidam
que o aparelho locomotor sofreu ação destas forças em um
intervalo de tempo pequeno, entretanto impactos menores
indicam que as forças foram distribuídas com intervalo de
tempo maior.
A resistência ao deslizamento é normalmente mensura-
da como coeficiente de atrito (COF). O COF gerado entre as
superfícies deverá ser suficientemente adequado para que
não venha ocorrer o deslizamento. Os acidentes por que-
da apresentam um aumento significativo, sendo que esses
danos podem ser gerados através de deslizamentos entre
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o calçado e o solo, isto contabiliza aproximadamente 67%
das quedas nas populações de idosos e jovens. No Brasil
as superfícies não são normalizadas, i.e., os pisos cerâmicos
apresentam coeficiente de atrito diferentes do asfalto, con-
creto etc. As propriedades do COF são influenciadas pelas
propriedades físicas, e.g. dureza. O coeficiente de atrito e
a superfície do solo aumentam com o tempo de contato,
como a resposta de fluência que envolve aumento da ru-
gosidade.
A sola é o componente principal da construção inferior
do calçado, sendo que é a única parte do calçado que se
encontra em contato direto com o solo. O IBTeC através
dos seus laboratórios pode ajudar na caracterização e no
desenvolvimento de materiais para que atinjam as proprie-
dades do calçado de segurança, segundo norma ABNT NBR
ISO 20344/2015, sendo um dos itens da norma a absorção
de impacto e coeficiente de atrito.
Utiliza-se para determinar o COF uma máquina de es-
corregamento, conforme norma DIN EN ISO 1328. O ensaio
do COF dinâmico é realizado em duas modalidades: salto
para frente e plano. A superfície de caminhar pode ser a de
piso de aço e cerâmico, sendo que as condições utilizadas
são: contaminação com soluções de detergente solução
de lauril sulfato de sódio (SLS) e glicerol (óleo). Segundo a
norma para o ensaio é aplicada sobre o calçado uma força
normal de 500 N e um tempo de arraste horizontal de 0,3
± 0,03m/s.