Introdução
A gestação consiste em um período em que o corpo da mulher se modifica através de uma série de mudanças fisiológicas progressivas que demandam compensações constantes do sistema musculoesquelético . Estas mudanças consistem em redução do controle e coordenação neuromuscular ( Wu et al , 2004 ), mudanças em padrões biomecânicos ( Crosbie & Scmith , 2002 ; Lymbery & Gilleard , 2005 ); alteração / diminuição da força muscular no abdômen ( Fernandes da Mota , Pascoal , Carita , 2015 ). O aumento da massa abdominal anterior faz com que ocorra o deslocamento do centro de gravidade ( CG ) e , consequência disso , possível aumento da lordose lombar como estratégia para manter o equilíbrio corporal durante o período gestacional ( Whitcome et al , 2007 ). As alterações hormonais , hemodinâmicas , acúmulo de fluído e gordura são responsáveis pelo estresse mecânico no tecido conjuntivo de ligamentos e articulações , que se adaptam constantemente durante o período da gravidez e no pós-parto , promovendo a estabilidade corporal ( Vieira , et al . 2017 ). Adaptações como diminuição do comprimento e aumento da largura do passo , velocidade de caminhada mais lenta e maior tempo em apoio duplo ( tempo em que os dois pés ficam em contato com o solo durante a marcha ) também foram observadas em alguns estudos . De acordo com Mei e colaboradores ( 2018 ), a mudança desses parâmetros aponta para alterações na estabilidade dinâmica das gestantes e , com a progressão dos trimestres , esses parâmetros continuam se alterando . Durante a caminhada da gestante e a progressão dos trimestres , ocorre uma solicitação crescente sobre os músculos flexores do quadril , do extensor do quadril e do tornozelo . Ainda de acordo com o autor , o movimento de trajetória do centro de pressão do pé sobre o solo parece se alterar como consequência das mudanças do controle de equilíbrio durante a passada .
As condições relacionadas ao corpo impostas pela gravidez são muito observadas na postura e na deambulação . A postura torna-se desalinhada devido ao aumento do volume uterino e ao aumento do volume das mamas pesando sobre o tórax , determinando que o centro de gravidade se desvie para frente e todo o corpo se projete de maneira compensatória para trás , de modo que quando está em pé , a gestante levanta o ventre , promovendo a lordose da coluna ( Montenegro e Rezende , 2018 ).
A marcha corresponde a uma ação motora mais automatizada do ser humano na qual a sequência de eventos que geram o andar é muito repetitiva , de ciclo após ciclo e também entre diferentes indivíduos . Tal regularidade permite que se estabeleçam critérios objetivos para a distinção entre padrões normais e patológicos . Padrões diferenciados de marcha são observados durante o desenvolvimento da gravidez .
Um método biomecânico que permite mensurar as diversas forças atuantes em um movimento é a dinamometria que , segundo Santos e colaboradores ( 2007 ), é um dos mais conhecidos e amplamente utilizados métodos de medição que permite registrar forças dinâmicas atuantes no movimento . Segundo Amadio ( 2000 ), a força de reação do solo ( FRS ) é uma das forças atuantes no movimento . É uma medida indireta que representa as cargas articulares internas e que corresponde às reações opostas ao esforço necessário para executar um movimento , registradas a partir do contato com o solo . Essa força é decorrente de ações musculares e do peso corporal transmitido através dos pés , e a direção e a magnitude da FRS equivalem exatamente à direção e magnitude do movimento do centro de massa do corpo .
Em estudos realizados com mulheres que caem durante a gravidez , observou-se que a rigidez do tornozelo diminui em comparação com mulheres grávidas que não sofreram uma queda . Ersal et al . ( 2018 ) utilizou a plataforma de força para avaliar gestantes no sentido ântero-posterior e identificou que uma grande mudança no COP é necessária como um método de correção para se opor à força , verificando-se que as caidoras grávidas apresentaram redução COP de pico de valores comparados com mulheres não caidoras e não grávidas . Abeer e colaboradores ( 2019 ) avaliaram a força de reação do solo em gestantes no ambiente aquático e não encontraram diferença significativa nas variáveis em diferentes protocolos de avaliação .
A literatura revisada sobre caminhada e gravidez aponta aumento no tempo total da fase de apoio , com consequente diminuição da velocidade ; modificações nos valores dos picos de pressão em relação ao retropé e cabeça do metatarso , com resultados contraditórios , e um aumento na base de movimento .
Este trabalho / estudo piloto tem como objetivo avaliar gestantes para verificar o comportamento da taxa de aceitação do peso e o primeiro pico de força antes , durante e após a gestação .
novembro | dezembro • 95