COLUNA
ANIMASEG
A evolução tecnológica do calçado de segurança,
um pouco do histórico e a necessidade
da evolução do conceito (parte 1)
E
m termos gerais o calçado de segurança (equipa-
mento) tem evoluído muito no País, entretanto, a
evolução do conceito e da importância do calça-
do ainda é modesta diante de outros equipamentos aon-
de os players tem bases de desenvolvimento europeia ou
americana (máscaras/proteção respiratória; cintos trava
quedas e muitos outros equipamentos). Mas a evolução
do equipamento calçado de segurança existe. O calçado
em seu contexto isolado tem histórico no País de em-
presas que produziam calçados de maneira artesanal e
posteriormente aprenderam a emitir certificados de apro-
vação e foram evoluindo gradativamente no conceito da
fabricação de um equipamento de segurança efetivo e
que tenha foco real na proteção do usuário final. Então
o conceito base é que as empresas tinham bases regio-
nais de desenvolvimento e benchmark e foram ao longo
do tempo desenvolvendo o conceito e se adaptando às
evoluções da normatização do mercado da segurança do
trabalho e aos poucos buscando informações fora do País.
Então a evolução do equipamento não foi modesta,
ela está presente e disponível muitas vezes no mercado
de equipamentos, porém o conceito de segurança para
membros inferiores no País ainda tem muito a evoluir. Um
bom exemplo é o conceito da “Botina de elástico”. Este
tipo de calçado que é o mais vendido no Brasil, talvez seja
mais que 85% ou 90% do mercado hoje, no entanto, é des-
considerado como equipamento de segurança em vários
países desenvolvidos.
A visão que a segurança em países europeus e ameri-
canos tem do calçado com fechamento em elástico é de
que ele não proporciona um ajuste ideal para os diferen-
tes tipos de pés e ainda não proporciona uma proteção
contra luxações no tornozelo devido a risco de torção.
Então em países europeus a grande maioria do mercado
utiliza calçados com fechamento em cadarço (provavel-
mente mais de 80% do mercado) devido a estes fatores de
estabilidade e de ajuste do calce.
Só aqui, neste exemplo de conceito de segurança en-
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• março | abril
tre os fechamentos de calçados de segurança em cadarço
ou elástico, já temos parâmetros para ver que o conceito
de segurança dos pés no País tem muito a evoluir. Existe
um GAP enorme entre a nossa realidade e a realidade ide-
al de uma segurança mais efetiva para os pés.
A evolução não depende somente da disponibilização
das tecnologias mundiais para o mercado brasileiro, mas
também de uma evolução equalizada com o nível de im-
portância que este equipamento possui. O calçado será
responsável pela saúde da coluna, da bacia, dos joelhos,
do tornozelo do trabalhador ao longo da sua vida ativa
no trabalho e também terá efeitos efetivos ao longo de
toda sua vida.
Passamos 2/3 do dia em cima de um calçado e mui-
tas vezes não percebemos que o calçado que utilizamos
muda efetivamente a nossa produtividade nas atividades
que realizamos. Os principais acidentes com membros
inferiores que são a torção de tornozelo e quedas e luxa-
ções devido ao deslizamento do solado estão diretamen-
te relacionados à qualidade do calçado. Mas mesmo com
este grau de importância as pessoas conhecem pouco
sobre calçados, tanto para uso pessoal quanto para uso
profissional, é pouca informação disseminada e disponibi-
lizada, e também é pouca a importância dada para todo
o efeito de proteção física e ergonómica que o calçado
pode prover.
Hoje a indústria brasileira possui calçados poten-
tes, com grau de desempenho ergonômico avaliado em
normativas de conforto: absorção de impacto; controle
de pronação e supinação; troca de calor; distribuição da
pressão plantar; picos de pressão; massa e outros testes
ergonômicos específicos que deveriam ser básicos nas
boas práticas de fabricação de um calçado de uso pro-
fissional. Então a evolução tecnológica está bem presen-
te no Brasil, talvez hoje estejamos um ano ou dois atrás
dos países Europeus, mas já estivemos 10, 15 anos atrás.
Entretanto, na evolução do conceito e no conhecimento
destes calçados ainda estamos 10 anos atrás.