Revista Sesvesp Ed. 98 - Setembro / Dezembro 2010 | Page 3
EDITORIAL
Segurança: Prioridade Zero
P
JOSÉ ADIR LOIOLA
Presidente
do SESVESP
A segurança
privada,
no Brasil, é
considerada
a quinta
mais eficaz
do mundo,
justamente
porque
soube somar
planejamento
com
investimentos
em recursos
físicos,
eletrônicos e,
principalmente,
humanos,
ao treinar
adequadamente
seus
profissionais
assadas as eleições, um recado claro pode ser extraído das urnas. Regra geral, governos estaduais que investiram na segurança pública de seus cidadãos obtiveram melhor
avaliação. O Rio de Janeiro, que implantou em sua capital as chamadas Unidades de Polícias
Pacificadoras (UPP), é um exemplo. São Paulo é outro. O Estado registrou quedas relevantes
em crimes contra o patrimônio, homicídios, latrocínios e roubos de carga, quando se compara
janeiro a setembro de 2010 com o mesmo período do ano anterior.
A questão, porém, é mais complexa e o que se espera agora é que os governantes federais
e estaduais recém-eleitos se debrucem sobre a questão, de forma a encontrar respostas para
este desafio que é de assegurar, no País, o direito que tem todo cidadão à segurança. Para ficar
nos exemplos acima, é notório que, com as UPPs no Rio, a criminalidade “desceu ao asfalto”,
intensificando “arrastões” e atos de ousado vandalismo, como são os sucessivos incêndios de
veículos que a mídia acaba de registrar. Em São Paulo, houve queda nas estatísticas, mas é preciso
lembrar que, em 2009, ocorrências como roubos aumentaram cerca de 19% em relação aos
registros do ano anterior. Foram quase 70 mil roubos, recorde na série histórica deste tipo de
crime. Além disso, no terceiro trimestre deste ano os roubos contra o patrimônio privado no
Estado cresceram 4% - foram mais de 277,6 mil ocorrências somente entre julho e agosto -,
comparados com igual período de 2009. Esses dados e fatos mostram a complexidade de se
encontrar respostas adequadas para a questão de segurança. Algumas delas são sobejamente
conhecidas. Nos diagnósticos dos mais renomados especialistas, é possível encontrar uma
unanimidade: sempre que as ações de segurança pública se concentram em uma atividade, o
crime migra para outra ilicitude. Daí se depreende que, por ser questão que exige prioridade
zero, a segurança deve ser equacionada de forma global – nunca pontual.
Faço essas observações para situar o papel da segurança privada no Brasil, considerada a
quinta mais eficaz do mundo, justamente porque soube somar planejamento com investimentos
em recursos físicos, eletrônicos e, principalmente, humanos, ao treinar adequadamente seus
profissionais.Veja-se, para ilustrar, o desempenho da segurança privada no setor bancário. Em São
Paulo, de acordo com dados da Secretaria de Segurança estadual, o número de roubos a agências bancárias caiu 42% entre 2006 e 2009. A previsão para 2010 é de queda ainda maior.
Menciono esses registros para ressaltar uma convicção: ao lado de todos os instrumentos
e ações que devem ser considerados para encaminhar o problema da segurança, a prevenção
está em lugar privilegiado. Sempre que possível, tenho enfatizado: prevenção é um conceito
elementar da segurança privada.A analogia com as questões de saúde pública é inevitável. Neste
caso, também, o investimento na prevenção, além de menos oneroso, é muito mais eficiente na
busca do bem-estar dos cidadãos. Se antecipar à doença é mais barato do que curá-la.
Como demonstram os números relativos aos bancos, é possível atuar preventivamente e
em conjunto com a segurança pública, em integração que reserva a esta última o cumprimento
de seu papel constitucional, qual seja a coação e pronta resposta diante da criminalidade. Em
outras palavras, quando esta integração se intensifica, como ocorre nos países que conseguiram
superar graves problemas de segurança, os crimes se reduzem em todas as suas perversas
modalidades.Vivemos um momento especialmente propício para encaminhar soluções para o
problema da segurança. Em primeiro lugar, hoje as autoridades estão mais conscientes e melhor
informadas sobre a questão. Com isso, o desafio da opinião pública é propugnar para que os
governos estadual e federal superem eventuais divergências político-partidárias em nome de
ações unificadas que aumentem a eficácia no combate ao crime.
De outra parte, é preciso intensificar em todo o País a integração entre a segurança pública
e privada. Por último, há um desafio a ser vencido pelas empresas do setor: sensibilizar a opinião pública e, sobretudo, as organizações empresariais de que o investimento em segurança
privada é vital para o sucesso da luta contra o crime. Afinal, como diz o popular ditado: de que
adianta trocar a fechadura só depois que o ladrão já arrombou a porta?
REVISTA SESVESP | SETEMBRO / DEZEMBRO 2010
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