Revista Sesvesp Ed 146 | Page 12

SERVIÇOS SERVIÇOS REFORMAS TRIBUTÁRIA E DA PREVIDÊNCIA ENTRAM EM DEBATE NO SETOR DE SERVIÇOS José Jacobson Neto e os diretores Percival Aracema, Ricardo Tadeu Correa e Cel. Marcondes presentes no Fórum Cebrasse A atividade que mais emprega e arrecada no Brasil, de serviços, res- ponde por quase 70% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Para fazer jus a essa importância ele tam- bém está à frente de debates fun- damentais para os negócios: as re- formas da Previdência e tributária. Essas discussões pautaram o 3º Fó- rum Nacional do Setor de Serviços, promovido pela Central Brasileira de Serviços (Cebrasse), no último dia 30 de maio. Diversas entidades do segmento apoiaram a iniciativa, entre elas as que representam a Segurança Pri- vada, como o SESVESP e a FE- NAVIST. Também contou com a presença do deputado federal La- ércio Oliveira (PP-SP), vereador paulistano Rodrigo Goulart (PSD); Guilherme Campos (Sebrae-SP), Sérgio Victor (Novo) e Itamar Bor- ges (MDB), deputados estaduais em 12 Revista SESVESP São Paulo. O auditório da empresa de tecno- logia Totvs, na zona norte da capital paulista, esteve lotado durante todo o dia para acompanhar as apresen- tações. Entre elas, destacaram-se as propostas de reforma tributária, pelo secretário Receita Federal, Marcos Cintra, e o texto do economista Ber- nard Appy, idealizador da PEC 45, a versão que atualmente tramita no Congresso, de autoria do deputado Baleia Rossi (MDB-SP). Coube ao secretário-adjunto da Previdência, do Ministério da Eco- nomia, Leonardo Rolim, discorrer sobre a PEC da reforma da Previ- dência, em apresentação realizada no período da tarde. O encontro contou ainda com a presença do lí- der do governo no Senado, senador Major Olímpio (PSL-SP), que pon- tuou sobre o andamento das pautas da gestão do presidente Jair Bolso- naro no Congresso. O presidente do Cebrasse, João Diniz, comemorou a representati- vidade do evento “Este 3º Fórum realmente trouxe luz a questões im- portantes envolvendo as reformas discutidas no Executivo e Legisla- tivo, que trarão as necessárias mu- danças na economia e nos destinos de nosso país”, concluiu. Reforma da Previdência Leonardo Rolim, secretário de Previdência do Ministério da Eco- nomia, revelou durante o Fórum que "há um sentimento" na equipe técnica que acompanha o Congres- so Nacional de que a reforma da Previdência será aprovada. A pre- visão de aprovação do texto ainda no primeiro semestre na Câmara está mantida, segundo ele. A equipe econômica acredita que o texto terá ajustes, mas reforçou que o relator, Samuel Moreira (PSDB-SP), está "firme em manter a potência fiscal" do projeto. Em relação ao Senado, o secretá- rio da Previdência enxerga um cená- rio mito mais positivo. “Hoje, nem a oposição, quando fala na Comis- são Especial, deixa de reconhecer a necessidade dessa reforma. Aque- la ideia da negação da medida não existe mais. Há no Congresso Na- cional um sentimento no Congresso de que a reforma será aprovada”. A atual expectativa do governo é a de que a aprovação pela Câmara ocorra no primeiro semestre, e no segundo semestre, no Senado. O esforço das lideranças de Bolsona- ro se concentra na preservação do alcance fiscal da proposta original. “A gente sabe que vai ter alguns ajustes, mas o relator está firme na ideia de manter essa potência essen- cial para gente ter o equilíbrio fiscal o mais rapidamente possível, e, as- sim, podermos partir para o sistema de capitalização fundamental à re- dução do custo do trabalho, ao in- centivo à formalização e à redução do desemprego”, concluiu Rolim. Reforma tributária No evento, Marcos Cintra afirmou que deve haver um debate intenso sobre a reforma tributária em três ou quatro semanas, quando a reforma da Previdência já estiver avançada na Câmara. A expectativa é a de que o projeto do governo, voltado para tributos federais, possa "se acoplar lá na frente" com o projeto que já tramita na Câmara e é assinado pelo deputado Baleia Rossi (MDB-SP). Cintra defende a criação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) apenas em nível federal, por meio da unificação de PIS, Cofins e IPI. O secretário da Receita Federal propôs que os estados sejam incluí- dos no IVA em um segundo momen- to, abrindo mão do ICMS depois de o IVA federal surtir efeitos na prá- tica. A estratégia seria transformar o IVA federal gradualmente em um IVA nacional, envolvendo estados e municípios posteriormente. Um dos principais pontos da pro- posta prevê a desoneração da folha de pagamentos e da alíquota paga pelo trabalhador. Para compensar a perda na arrecadação da Previdên- cia, a contribuição previdenciária seria substituída ou por uma con- tribuição incidente sobre transações financeiras, ou por uma tributação extra do IVA, incidente sobre outras bases ainda não detalhadas pelo go- verno. Cintra, no entanto, admitiu que o sistema do IVA não é aderente ao mercado financeiro em todo o mundo, e o nosso país não haveria de ser uma exceção. “Tributação de mercado financeiro tem que ter um regime específico, não pode ser in- corporado dentro do IVA, em lugar nenhum isso acontece”, reforçou o secretário, tendo em vista a inexis- tência de cadeia de valor agregado no segmento. “É uma operação, simplesmente, de aluguel de dinhei- ro”, justificou. Na Europa, por exemplo, o Im- posto sobre Valor Agregado não se aplica aos bancos, exceto nos casos em que a instituição financeira atue de forma mercantil, isto é, comer- cialize produtos. Por isso, o profes- sor Cintra garantiu que essa área vai ficar de fora do nosso IVA, “pois spread não agrega valor”. Já a proposta apresentada por Appy aparenta apresentar maior di- ficuldade para ser aprovada. A PEC 45/2019 propõe a unificação de PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS em um IVA nacional, chamado de Imposto so- bre Bens e Serviços (IBS), admi- nistrado por um comitê gestor com igual participação de União, estados e municípios. A distribuição da arre- cadação seria calibrada ao longo de uma transição de 50 anos. A versão atual do texto enfrenta resistência dos governos regionais, o que mo- tivou os estados a trabalharem em uma proposta de emenda. O presidente da Cebrasse, João Di- niz, considerou o balanço do evento muito positivo com os protagonis- tas das duas reformas tributárias que estão sendo discutidas na atua- lidade. “Tivemos no evento Bernard Appy, pai da PEC 45 e o Marcos Cintra que é o pai da proposta do Guedes que favorece a desoneração da folha que vai gerar empregos. E que é a proposta que nós da Cebras- se, do setor de serviços apoiamos. A outra proposta trata de compen- sações e o setor de serviços não tem compensações. Acho que tem que prevalecer a proposta do Cintra por- que favorece o emprego, a produ- ção. E segundo que favorece o setor que mais cresce e o que mais produz e que mais arrecada e responsável por mais de 70% do PIB nacional”, explicou João Diniz. Revista SESVESP 13