CENÁRIO ECONÔMICO
ECONOMIA CRESCE LENTAMENTE , MAS O FUTURO DEPENDE DE RESPONSABILIDADE POLÍTICA
O PRÓXIMO MANDATO DE PRESIDENTE DA REPÚBLICA DEVE MANTER A POLÍTICA DE AJUSTES
A
Revista do SESVESP conversou com o professor de economia da FGV-SP e sócio da Gol Associados , Gesner de Oliveira , que falou sobre a atual conjuntura econômica , o ano de 2018 e o que pode ocorrer no próximo mandato presidencial . Para ele , é necessário saber se o futuro governo vai cumprir a agenda de ajustes e manter a atual política econômica , que vem dando sinais de recuperação . Ou seja , o que será de 2019 ? Para Gesner de Oliveira , essa é a grande pergunta para alavancar a economia nacional . Confira as principais respostas .
O que esperar de 2018 ?
Curioso porque , em geral , a economia responde rapidamente à incerteza política . Vivemos no Brasil várias situações que comprovam isso . Temos uma conjuntura na qual , eu diria , que a economia está blindada em curtíssimo prazo . Em 2018 , a economia vai bem obrigado ! Vai crescer , está crescendo até um pouco mais do que o mercado projeta , que é algo em torno de 3 % de crescimento do PIB . Os indicadores apontam claramente nessa situação . E por que a economia está blindada ? Principalmente por uma conjunção de fatores : as contas externas estão com muita folga , diferentemente do passado , como na primeira eleição do Lula , não havia tanta folga nas contas externas . Pelo contrário , tivemos de recorrer ao FMI . Qualquer incerteza , para um lado ou outro no chamado ‘ risco Lula ’, gerava um impacto no dólar muito forte . Hoje , isso não ocorre , pois existem reservas muito elevadas no Banco Central . Não há uma situação de endividamento líquido externo . Portanto , é uma situação muito tranquila , do ponto de vista das contas externas . Há capacidade ociosa e faz todo o sentido do mundo acioná-la . Então , as empresas estão aproveitando . Com a maior recessão da história do país , houve uma alavancagem , ou seja , muito endividamento . As empresas e famílias estavam muito endividadas e isso hoje diminuiu . A capacidade de consumo das pessoas aumentou , a renda vem aumentando modestamente , é verdade , mas vem aumentando . As empresas têm um pouco mais de oxigênio para tocar a vida , há a capacidade ociosa e a economia está crescendo num curtíssimo prazo . Não há um terremoto no mundo , quer dizer , não há um tsunami na economia internacional . Nós temos uma situação externa que ainda é relativamente favorável . Nessas circunstâncias , a economia está dada . Vejam que nós temos a Operação Skala , algo que envolve o Planalto , do outro lado , todo o noticiário que envolve a prisão do ex-presidente Lula e isso tem algum efeito sobre as expectativas , mas não têm nenhum efeito significativo . Agora , depois de 2019 é a grande questão e , por isso , acredito que a variável chave , que acho o mercado está olhando por esse aspecto , ou seja , qual a chance do próximo presidente da República continuar a política econômica , o ajuste da economia ou não ? Essa é a grande chave do enigma futuro .
As pesquisas disponíveis hoje parecem dar o candidato Bolsonaro e a candidata Marina Silva . Suponhamos que isso se consolide , num hipotético segundo turno . Qual seria o impacto disso sobre o chamado mercado ?
Não seria positivo , acho que esse é um cenário possível , naturalmente , pois as pesquisas hoje apontam nessa direção . Eu diria que os dois candidatos se encontram em uma região de certa ambiguidade em relação à política econômica . Tanto Bolsonaro quanto a Marina têm uma biografia e posições pessoais que não estão ligadas a uma política de ajuste , por diferentes razões , embora ambos quando se candidatam e se manifestam procuram assessorias econômicas ou conselheiros econômicos que são a favor de reformas . Paulo Guedes , pelo lado de Bolsonaro , é um economista liberal que propõe reformas mais aprofundadas , e a Marina tem o Eduardo Giannetti , que também é um economista liberal . Porém , são figuras que podemos perguntar : e se eles ( economistas ), ou mesmo os candidatos mudarem de assessorias ? Eles não
Gesner de Oliveira
são um Henrique Meirelles , mas nem nas biografias de ambos há uma convicção na manutenção de ajustes e na política econômica . Uma modernização da economia é de interesse não só do mercado , mas da maioria da população brasileira .
Como a saída de Henrique Meirelles foi vista pelo mercado ? Há viabilidade política para ele e para o próprio presidente Temer ?
Minha percepção é de que o mercado não acredita na viabilidade eleitoral do ex-ministro Henrique Meireles nem do presidente Temer . Veja , hoje temos uma percepção da população , as pesquisas estão aí , que para mais de 65 % há uma percepção de crise . E ela está aí , o país enfrenta uma situação política de grande insatisfação , de polaridade , de radicalismos e não só isso , basta dizer o problema de segurança pública ... Embora a economia tenha tido uma recuperação bastante boa em 2017 e , acredito , bem melhor em 2018 , a população ainda sente problemas sérios do ponto de vista ético . Um desapontamento do que esperam dos seus representantes , enfim uma crise de representatividade que é mundial e no Brasil não se foge à essa regra .
16 Revista SESVESP
CENÁRIO ECONÔMICO
ECONOMIA CRESCE LENTAMENTE, MAS O FUTURO
DEPENDE DE RESPONSABILIDADE POLÍTICA
O PRÓXIMO MANDATO DE PRESIDENTE DA REPÚBLICA DEVE MANTER A POLÍTICA DE AJUSTES
A
Revista do SESVESP conversou
com o professor de economia da
FGV-SP e sócio da Gol Associa-
dos, Gesner de Oliveira, que falou
sobre a atual conjuntura econômica, o ano
de 2018 e o que pode ocorrer no próximo
mandato presidencial. Para ele, é necessá-
rio saber se o futuro governo vai cumprir
a agenda de ajustes e manter a atual polí-
tica econômica, que vem dando sinais de
recuperação. Ou seja, o que será de 2019?
Para Gesner de Oliveira, essa é a grande
pergunta para alavancar a economia nacio-
nal. Confira as principais respostas.
O que esperar de 2018?
Curioso porque, em geral, a economia res-
ponde rapidamente à incerteza política. Vi-
vemos no Brasil várias situações que com-
provam isso. Temos uma conjuntura na
qual, eu diria, que a economia está blindada
em curtíssimo prazo. Em 2018, a economia
vai bem obrigado! Vai crescer, está cres-
cendo até um pouco mais do que o mercado
projeta, que é algo em torno de 3% de cres-
cimento do PIB. Os indicadores apontam
claramente nessa situação. E por que a eco-
nomia está blindada? Principalmente por
uma conjunção de fatores: as contas exter-
nas estão com muita folga, diferentemente
do passado, como na primeira eleição do
Lula, não havia tanta folga nas contas ex-
ternas. Pelo contrário, tivemos de recorrer
ao FMI. Qualquer incerteza, para um lado
ou outro no chamado ‘risco Lula’, gerava
um impacto no dólar muito forte. Hoje,
isso não ocorre, pois existem reservas mui-
to elevadas no Banco Central. Não há uma
situação de endividamento líquido externo.
Portanto, é uma situação muito tranquila,
do ponto de vista das contas externas. Há
capacidade ociosa e faz todo o sentido do
mundo acioná-la. Então, as empresas es-
tão aproveitando. Com a maior recessão da
história do país, houve uma alavancagem,
ou seja, muito endividamento. As empre-
sas e famílias estavam muito endividadas
e isso hoje diminuiu. A capacidade de con-
sumo das pessoas aumentou, a renda vem
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aumentando modestamente, é verdade,
mas vem aumentando. As empresas têm
um pouco mais de oxigênio para tocar a
vida, há a capacidade ociosa e a economia
está crescendo num curtíssimo prazo. Não
há um terremoto no mundo, quer dizer, não
há um tsunami na economia internacional.
Nós temos uma situação externa que ain-
da é relativamente favorável. Nessas cir-
cunstâncias, a economia está dada. Vejam
que nós temos a Operação Skala, algo que
envolve o Planalto, do outro lado, todo o
noticiário que envolve a prisão do ex-pre-
sidente Lula e isso tem algum efeito sobre
as expectativas, mas não têm nenhum efei-
to significativo. Agora, depois de 2019 é a
grande questão e, por isso, acredito que a
variável chave, que acho o mercado está
olhando por esse aspecto, ou seja, qual a
chance do próximo presidente da Repúbli-
ca continuar a política econômica, o ajuste
da economia ou não? Essa é a grande chave
do enigma futuro.
As pesquisas disponíveis hoje parecem
dar o candidato Bolsonaro e a candidata
Marina Silva. Suponhamos que isso se
consolide, num hipotético segundo tur-
no. Qual seria o impacto disso sobre o
chamado mercado?
Não seria positivo, acho que esse é um
cenário possível, naturalmente, pois as
pesquisas hoje apontam nessa direção. Eu
diria que os dois candidatos se encontram
em uma região de certa ambiguidade em
relação à política econômica. Tanto Bol-
sonaro quanto a Marina têm uma biografia
e posições pessoais que não estão ligadas
a uma política de ajuste, por diferentes ra-
zões, embora ambos quando se candidatam
e se manifestam procuram assessorias eco-
nômicas ou conselheiros econômicos que
são a favor de reformas. Paulo Guedes,
pelo lado de Bolsonaro, é um economista
liberal que propõe reformas mais aprofun-
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