REGULAMENTAÇÃO
ABNT APRESENTA NORMA SOBRE BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE EVENTOS
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ABNT( Associação Brasileira de Normas Técnicas) finalizou a norma que indica as melhores práticas para a realização de eventos, incluindo sua organização, objetivos e contratação de prestadores de serviços. O segmento da Segurança Privada, tradicional parceiro na realização de atividades com grande concentração de público, participou ativamente na elaboração do texto, que deverá ser publicado em meados deste ano. A norma ABNT / CEE 142 – Gestão de Eventos contou com a colaboração de mais de 600 profissionais ao longo dos últimos três anos, sendo que 130 pessoas contribuíram presencialmente. Este contingente representa mais de 70 organizações, entre as quais a FENAVIST( Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores) e ABSEG( Associação Brasileira de Profissionais de Segurança). As normas técnicas são instrumentos garantidores da qualidade, segurança e eficiência em benefício da comunidade. Elas traduzem, em termos técnicos, o que a sociedade espera de um produto ou serviço. No Brasil, a ABNT é o órgão responsável pela normalização técnica, fornecendo insumos ao desenvolvimento tecnológico do país. O segmento da Segurança Privada está contemplado no texto aprovado por meio da recomendação expressa da contratação de empresas de segurança legalizadas, sob fiscalização da Polícia Federal, uma bandeira defendida pelo SESVESP. Confira abaixo a entrevista do coordenador da Comissão de Estudos Especial ABNTQ / CEE 142 – Gestão de Eventos, Alexandre Garrido.
Como é essa norma?
É uma norma de boas práticas para organização de eventos. Por ter essa abordagem, ela traz uma lista de atitudes e ações que são tomadas na hora de organizar um evento, que são consideradas como positivas, boas para ajudar as empresas. Colocamos as melhores experiências, listando coisas que devem ser utilizadas. Ela apresenta uma lógica que começa quando o prestador de serviços recebe um pedido de um cliente sobre um novo evento. Desde essa primeira demanda, há a definição de um briefing com as informações mínimas para a elaboração da proposta de trabalho. Também define o que deve conter a proposta que o cliente receberá e quais práticas devem ser usadas para a escolha de fornecedores. A norma descreve todo o processo, finalizado com a produção de um relatório. Um de seus capítulos fala da importância de gerenciar os riscos do evento. Isso envolve desde quem trabalha na montagem até a visitação do público. Consideram-se riscos de saúde, de segurança das pessoas e também patrimoniais.
A regra é obrigatória?
Por ser de boas práticas, a norma traz recomendações. As normas da ABNT em geral são voluntárias. Elas só têm caráter obrigatório quando há uma lei que assim determine. Mesmo sendo voluntária, depois de publicada passa a ser uma espécie de referência no mercado, podendo ser exigida em processos de licitação. Pode ser uma referência para quando se contrata empresas de eventos. A norma ajuda a organizar o mercado de eventos, a padronizar esse segmento.
Após sua publicação, há tendência de que o mercado utilize a norma, buscando empresas que atendem aos quesitos propostos por ela?
Sim, essa é uma tendência, mas trata-se de um processo que tem de ser construído. E isso é um trabalho complexo, pois exige a participação de diferentes atores para juntar as empresas envolvidas a esse propósito. O trabalho posterior à criação da norma é tão grande quanto o da sua formulação. E estamos justamente nessa fase agora. Trata-se da quinta norma que estamos produzindo nesse grupo e imaginamos que em julho ou agosto ela deverá ser publicada.
Quais são os passos desse processo?
O processo para isso começa quando convidamos diversas partes interessadas no assunto para integrar o grupo. Muitas participam presencialmente. O documento vai sendo construído e, depois de pronto, segue para consulta pública. O nosso está para ser publicado nas próximas semanas. Depois, ficará em consulta por 60 dias. Qualquer pessoa pode dar sua opinião em relação ao documento. Quando o prazo se encerra, a comissão se reúne para analisar contribuições e avaliar se há necessidade de alguma revisão. Considerando-se que os comentários serão positivos, a nossa estimativa seria para julho ou agosto.
O que acontece após a publicação?
Temos um desafio, que é o de dar publicidade à norma, pois precisamos divulgar o documento o máximo possível. Já fizemos divulgações anteriores de outros trabalhos nossos e isso nos ajuda a mostrar o seu conteúdo ao mercado. Entre os quatro documentos que produzimos, dois já estão sendo bastante utilizados.
Que documentos são esses?
O primeiro deles trata da terminologia. Define termos da área de eventos: quem é o organizador; o que é um evento comercial, evento empresarial. Ou, por exemplo, o que é um evento esportivo, comercial, de pequeno porte, de grande porte, nacional, regional, internacional, etc. Essas definições ajudam a padronizar a linguagem sobre o que é apoiador e o que significa patrocinador. Por mais que pareça óbvio, devemos lembrar que o mercado usa os mesmos nomes para definir diferentes coisas, causando uma certa confusão. Nosso segundo documento versa sobre a qualidade de eventos, voltado para empresas que os organizam. Funciona como uma ISO 9000, adaptada para os processos de organização. Outra norma trata da gestão da segurança em eventos. Como identificar riscos e planejar controles para fazer eventos seguros, desde a montagem até a realização do evento. E, por fim, a quarta norma descreve quais são as competências do profissional que atua nessa área. Atualmente, são mais utilizadas a de terminologia e a de classificação e de competências na organização de eventos. A mais recente, de boas práticas, contempla que a montagem de eventos deve ter regras de tempo de montagem e de desmontagem para espaços de feiras de exposições. Isso é um problema no mercado hoje, em que não há muito tempo para desmontar, fator que pode gerar problemas de segurança para os trabalhadores.
Alexandre Garrido, Diretor da Sextante Consultoria, especializado em normalização, Coordenador da ABNT / CEE 142- Gestão de Eventos.
14 Revista SESVESP