Revista Sesvesp Ed. 130 | Page 12

A RETOMADA ECONÔMICA PASSA POR INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA, DIZ RAUL VELLOSO PARA A RETOMADA DE EMPREGOS, OS MODELOS DE CONCESSÃO, SOBRETUDO, DE RODOVIAS TÊM DE SER REVISITADOS COM REVISÃO DE CONTRATOS “OS AJUSTES MACROECONÔMICOS em discussão são fundamentais, mas há muito o que fazer na micro gestão governamental. Refiro-me às concessões de infraestrutura, sempre lembradas como parte da solução, mas ainda muito presas aos erros do passado”, explicou assim o economista e especialista em contas públicas Raul Velloso, sugerindo o modelo a ser seguido pela equipe econômica do presidente Temer. O ex-secretário de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento e Ph.D 12 Revista SESVESP em economia pela Universidade de Yale, dos Estados Unidos, conversou, com exclusividade, com a Revista SESVESP sobre o atual momento da economia nacional e a perspectiva para os próximos dois anos do Governo Temer. Defensor contumaz dos projetos de infraestrutura, ele alerta que os investimentos são essenciais para acelerar a retomada do crescimento econômico e, principalmente, gerar o grande número de empregos que o presidente da República deseja. “A infraestrutura é crucial, do ponto de vista macroeconômico”, garante ele. Segundo o especialista, o setor de infraestrutura tem um poder irradiador de crescimento muito grande, ou seja, se é expandida e tem qualidade, todos os setores da economia vão crescer. O governo Temer, para o economista, deveria atuar simultaneamente em duas frentes. Além dos investimentos novos, deve priorizar o equacionamento de dois grupos de contratos, uns já aprovados e outros prontos para aprovar, mas ainda sem andamento. Estes se referem a novos AVALIAÇÃO INICIAL DO GOVERNO TEMER Segundo Velloso, a situação é bem difícil em termos de perspectiva econômica após a efetivação no cargo do presidente Temer, contudo, avalia que o governo está organizando bem sua equipe econômica com mostras e disposição de enfrentar os problemáticos embates relacionados com a aprovação de reformas impopulares. Quanto à importância da PEC proposta pelo governo e que estabelece limites de gastos públicos, o economista acredita que é um sinal importante de retomada do controle dos gastos públicos, que vinham crescendo em ritmo explosivo, embora acredite que a “batalha” esteja apenas começando. Para que o país volte a atrair novamente investimentos estrangeiros, o professor Raul Velloso acredita que o dever de casa, em grande medida, já está sendo feito pela equipe econômica, porém alerta sempre para que não se deixe de lado os investimentos para a infraestrutura. REGIME DE CONCESSÕES Raul Velloso lançou no último mês o Crédito: AGBR Crédito: AGBR investimentos em concessões existentes. No primeiro, estão os contratos de concessão rodoviária de 2013, abalados pela recessão Dilma Rousseff, que aguardam uma renegociação dos termos originais que os recoloque de novo no prumo. Após uma revisão adequada, esses contratos poderão voltar a andar e tornar viáveis novos investimentos. O outro grupo, igualmente importante, se refere à oportunidade de aprovação de novos investimentos necessários e já identificados nas concessões rodoviárias mais antigas, especialmente aquelas em que há necessidades óbvias e expressivas de novos investimentos. Foto: Arquivo Pessoal ANÁLISE DE CONJUNTURA Raul Velloso, economista especialista em Finanças Públicas livro “Recessão Extraordinária e o Abalo das Concessões de 2013”. Nele, analisa a necessidade premente de renegociar os contratos de concessão aprovados na gestão anterior, em 2013. Em recente entrevista, disse que o governo Dilma “procurava cobrar a menor tarifa imaginável, e não a menor tarifa possível”. Para ele, esses contratos foram pesadamente abalados pela inédita recessão que assola o país. Conclui que, sem isso, os investimentos em infraestrutura – cruciais no momento atual – não decolam. O atual governo tem uma visão prática e, para Velloso, está percebendo que é preciso reavaliar parâmetros, não apenas para que a concessionária possa manter o contrato, mas para que, eventualmente, a concessionária possa passar adiante. Avalia também que há temor em se renegociar os contratos, porque não se sabe a reação de órgãos como o Tribunal de Contas da União. O livro está disponível em raulvelloso. com.br e pode ser baixado gratuitamente. ■ Revista SESVESP 13