A RETOMADA ECONÔMICA
PASSA POR INVESTIMENTOS EM
INFRAESTRUTURA, DIZ RAUL VELLOSO
PARA A RETOMADA DE EMPREGOS, OS MODELOS DE CONCESSÃO, SOBRETUDO,
DE RODOVIAS TÊM DE SER REVISITADOS COM REVISÃO DE CONTRATOS
“OS AJUSTES MACROECONÔMICOS em
discussão são fundamentais, mas há muito
o que fazer na micro gestão governamental. Refiro-me às concessões de infraestrutura, sempre lembradas como parte da
solução, mas ainda muito presas aos erros
do passado”, explicou assim o economista e especialista em contas públicas Raul
Velloso, sugerindo o modelo a ser seguido
pela equipe econômica do presidente Temer.
O ex-secretário de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento e Ph.D
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Revista SESVESP
em economia pela Universidade de Yale,
dos Estados Unidos, conversou, com exclusividade, com a Revista SESVESP sobre o atual momento da economia nacional
e a perspectiva para os próximos dois anos
do Governo Temer.
Defensor contumaz dos projetos de infraestrutura, ele alerta que os investimentos
são essenciais para acelerar a retomada do
crescimento econômico e, principalmente,
gerar o grande número de empregos que
o presidente da República deseja. “A infraestrutura é crucial, do ponto de vista
macroeconômico”, garante ele. Segundo o
especialista, o setor de infraestrutura tem
um poder irradiador de crescimento muito
grande, ou seja, se é expandida e tem qualidade, todos os setores da economia vão
crescer.
O governo Temer, para o economista,
deveria atuar simultaneamente em duas
frentes. Além dos investimentos novos,
deve priorizar o equacionamento de dois
grupos de contratos, uns já aprovados e
outros prontos para aprovar, mas ainda
sem andamento. Estes se referem a novos
AVALIAÇÃO INICIAL
DO GOVERNO TEMER
Segundo Velloso, a situação é bem difícil
em termos de perspectiva econômica após
a efetivação no cargo do presidente Temer,
contudo, avalia que o governo está organizando bem sua equipe econômica com
mostras e disposição de enfrentar os problemáticos embates relacionados com a
aprovação de reformas impopulares.
Quanto à importância da PEC proposta pelo governo e que estabelece limites
de gastos públicos, o economista acredita
que é um sinal importante de retomada do
controle dos gastos públicos, que vinham
crescendo em ritmo explosivo, embora
acredite que a “batalha” esteja apenas começando.
Para que o país volte a atrair novamente investimentos estrangeiros, o professor
Raul Velloso acredita que o dever de casa,
em grande medida, já está sendo feito pela
equipe econômica, porém alerta sempre
para que não se deixe de lado os investimentos para a infraestrutura.
REGIME DE CONCESSÕES
Raul Velloso lançou no último mês o
Crédito: AGBR
Crédito: AGBR
investimentos em concessões existentes.
No primeiro, estão os contratos de concessão rodoviária de 2013, abalados pela
recessão Dilma Rousseff, que aguardam
uma renegociação dos termos originais
que os recoloque de novo no prumo. Após
uma revisão adequada, esses contratos poderão voltar a andar e tornar viáveis novos
investimentos. O outro grupo, igualmente
importante, se refere à oportunidade de
aprovação de novos investimentos necessários e já identificados nas concessões
rodoviárias mais antigas, especialmente
aquelas em que há necessidades óbvias e
expressivas de novos investimentos.
Foto: Arquivo Pessoal
ANÁLISE DE CONJUNTURA
Raul Velloso, economista especialista em Finanças Públicas
livro “Recessão Extraordinária e o Abalo
das Concessões de
2013”. Nele, analisa
a necessidade premente de renegociar
os contratos de concessão aprovados na
gestão anterior, em
2013. Em recente
entrevista, disse que
o governo Dilma
“procurava cobrar a
menor tarifa imaginável, e não a menor
tarifa possível”. Para
ele, esses contratos
foram pesadamente
abalados pela inédita recessão que assola o
país. Conclui que, sem isso, os investimentos em infraestrutura – cruciais no momento atual – não decolam.
O atual governo tem uma visão prática e, para Velloso, está percebendo que é
preciso reavaliar parâmetros, não apenas
para que a concessionária possa manter o
contrato, mas para que, eventualmente, a
concessionária possa passar adiante. Avalia também que há temor em se renegociar
os contratos, porque não se sabe a reação
de órgãos como o Tribunal de Contas da
União.
O livro está disponível em raulvelloso.
com.br e pode ser baixado gratuitamente. ■
Revista SESVESP
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