Revista Sesvesp Ed. 129 | Page 26

Notícias ABSEG Notícias ABCFAV SEGURANÇA PÚBLICA E VIOLÊNCIA CUSTAM BILHÕES PARA O PAÍS CAPACITAÇÃO ADEQUADA MANTERÁ ATRATIVIDADE NA TERCEIRIZAÇÃO DE VIGILÂNCIA A sensação de insegurança afeta a maioria da população do Brasil e os números em relação ao aumento dos crimes são assustadores. No entanto, a Segurança Privada passa a fazer parte da rotina de alguns moradores Estatuto da Segurança leva o mercado a um novo momento em que a formação adequada gerará especialistas em proteção, nicho ainda a ser melhor explorado em nosso país O s cidadãos e a sociedade possuem o direito constitucional de sentirem-se protegidos, dentro de suas casas e nas ruas, em decorrência das políticas públicas de segurança praticada pelo Estado e da prestação adequada, eficiente e eficaz dos serviços de segurança pública. No entanto, nossa sociedade vive um dos piores momentos de insegurança e o interesse pelo tema tem aumentado de forma significativa. A segurança pública e a violência custam ao Brasil cerca de R$ 256 bilhões por ano (5,4% do PIB), conforme publicado pelo 8º Anuário Brasileiro do Fórum de Segurança Pública. A perda de vidas (57 mil mortes anuais) significa R$ 114 bilhões. O custo do governo na área é de 1,26% do PIB (um dos mais altos d o mundo e um dos mais ineficientes). A prova pode ser evidenciada em dois pontos-chave: o baixo índice de resolução dos crimes (menos de 8% ao ano) — leia-se: impunidade — e uma taxa de reincidência criminal superior a 70%, segundo o próprio CNJ – Conselho Nacional de Justiça. A sensação de insegurança afeta o Brasil inteiro, especialmente as cidades mais populosas, colocando a segurança pública em destaque negativo e proporcionando campo fértil para discussões sem fim sobre a solução adequada para o combate à criminalidade, principalmente sobre a eficácia da prevenção de crimes. Por outro lado, enquanto as autoridades não tomam as medidas necessárias para resolver a insegurança, abre-se uma oportunidade surreal para o desenvolvimento e crescimento do crime em geral. A criminalidade no Brasil e no mundo tem modificado e diversificado seu comportamento ao longo dos últimos anos. Num país com desigualdade social discrepante, escolaridade, civilidade e cidadania anêmicas, fraqueza institucional sistêmica e corrupção endêmica, a violência só poderia ser epidêmica. É do conhecimento geral que os problemas passam por algumas soluções, entre elas: a) prioridade para a prevenção (no lugar da repressão); b) certeza da Punição (no lugar da impunidade); c) qualidade de vida (saúde, lazer, mobilidade, emprego etc); e d) educação de excelente qualidade. 26 - Revista SESVESP Fraudes, extorsões, corrupção, roubos de cargas, explosão de caixas eletrônicos, invasão de shoppings, assalto a indústrias, condomínios residenciais e/ou comerciais, ônibus, roubos em hotéis, farmácias, hospitais, shows e outros tantos crimes em lugares diversos, passaram a ser cada vez mais frequentes. Órgãos de inteligência em quase todo mundo são unânimes em indicar que próxima onda será de cyber ataques! Segundo um estudo feito pela Cybersecurity Ventures, os crimes virtuais provocam uma perda anual de US$ 8 bi (R$ 28 bi) às empresas brasileiras. Cabe ressaltar que a Segurança Privada e a segurança pública não são e nunca foram concorrentes, pois atuam em áreas distintas e complementares. O ideal seria poderem trabalhar de forma integrada, trocando informações e cooperando uma com outra na prevenção e combate à criminalidade. Reforço: a Segurança Privada complementa a atividade pública, exercendo, também ela, um papel-chave na defesa das pessoas e dos bens. A sociedade reconhece e convive muito bem com a Segurança Privada: nos aeroportos, nos eventos, nas empresas, nos shoppings, nas escolas e faculdades, no transporte de valores, nos bancos, nas indústrias, em outros tantos lugares e até mesmo em espaços públicos. Quanto ao papel das forças públicas, é insubstituível. É um papel que não se questiona. E o mesmo pode se dizer da Segurança Privada no seu espaço próprio que a lei autoriza, com as prerrogativas e requisitos que esta define, desenvolvendo uma atividade complementar e igualmente essencial para a proteção da sociedade. A Segurança Privada no Brasil e no mundo está se organizando por meio de entidades fortes e construindo importantes laços com outras áreas do setor, bem como com o poder público, a fim de poder oferecer cada vez mais proteção. O desafio do nosso tempo consiste em nos aperfeiçoarmos de forma constante e incansável para estar um passo à frente da criminalidade. O IGOR PIPOLO Diretor Internacional de PR (ABSEG) setor de Segurança Privada só obterá o status que lhe é devido quando capacitar adequadamente sua mão de obra. Enquanto a formação e reciclagem dos vigilantes forem encaradas como custo e não investimento, o preparo destes profissionais ficará inferior ao desejado. É preciso ampliar o conhecimento para além do currículo básico e obrigatório estabelecido por lei, mas, para isso, é necessário investimento, algo que nem todas as empresas querem fazer. Enquanto isso, encontram-se postos com vigilantes dormindo, acidentes com armas de fogo e intrusões a estabelecimentos e condomínios que poderiam ter sido evitadas com uma atuação mais preparada por parte dos profissionais de segurança. Quando se trata de proteção, erros não podem ser tolerados. E isso só se consegue com treinamento contínuo. O novo Estatuto da Segurança Privada está para ser votado e implementado no mercado. Essa legislação abre um novo momento para o setor, que será mais valorizado. Entre as mudanças, o texto prevê punições aos contratantes de segurança não autorizada pela Polícia Federal, aumenta o capital social das empresas do mercado e traz para a fiscalização da Polícia Federal as empresas de monitoramento de sistemas eletrônicos. Mas, sobretudo, o espírito dessa legislação é o da especialização do serviço prestado. Quando alguém está doente, procura um especialista naquele tipo de enfermidade. Quando se precisa de um advogado, procura-se um especialista naquele ramo de conhecimento. Quando se precisa de segurança, procuram-se empresas especializadas em vigilância. A terceirização desses serviços deixa de ser motivada pela diminuição dos custos de implantação e passa a ser motivada pela necessidade de obter serviços de excelência. E essa excelência só é adquirida através do treinamento de qualidade. As academias de formação e aperfeiçoamento de vigilantes estão se preparando para entrar neste novo momento do mercado. Há empresas tomadoras de serviços, como grandes indústrias multinacionais, que preveem em contrato o nível de treinamento necessário para obter o serviço especializado em segurança. Algumas consultorias, inclusive, já trabalham em parceria com escolas de formação que vêm desenvolvendo currículos aprimorados para capacitar essa mão-de-obra tão específica. Afinal, cada ramo de atividade requer um serviço de proteção específico. Trabalhar em um banco não é o mesmo que trabalhar em uma indústria ou condomínio. E mais que um conjunto de regras, é necessário que o profissional entenda o papel de sua atuação no contexto da atividade da empresa cliente. Mais do que saber a teoria, é necessário aplicá-la de forma correta. Queremos formar um profissional de segurança completo, mas que também possa ter a chance de se preparar mais especificamente para uma área de atuação. Assim, teremos vigilantes de bancos, vigilantes de hospitais, vigilantes de shoppings, cada um especializado em um mercado. As empresas precisam criar espaço para essas especializações e valorizá-los, respeitando a tendência da formação que adquiriram, conservando-os nesses postos, diminuindo a rotatividade. Claro, quem ganhará será o cliente, que terá à sua disposição um profissional qualificado e atualizado. O mercado só será valorizado quando as próprias empresas em que nele atuam olharem-se para si mesmas como especialistas e maiores detentoras de conhecimento da sua área, e não como apenas facilitadoras na prestação de serviços. Essa especialização não ocorre sem a capacitação de excelência de seus pares. Para isso, serão necessários mais investimentos, mas esses não são de risco. Não há risco de perda quando se trata de treinamento e capacitação. O retorno é certo e garantido, principalmente na área de segurança. RICARDO TADEU CORRÊA Presidente da Associação Brasileira de Cursos de Formação e Aperfeiçoamento de Vigilantes (ABCFAV) Revista SESVESP - 27