Revista Sesvesp Ed. 129 | Page 12

Análise de conjuntura Foto: Agência Brasil Foto: Renata Catello Branco O PT de Lula Por outro lado, ao avaliar o espólio do PT e do ex-presidente Lula, Lavareda entende que a dois anos da próxima eleição presidencial é muito difícil fazer uma previsão, mas seguramente os votos petistas serão divididos com outras legendas da esquerda. Já sua visão sobre o futuro do ex-presidente Lula é de que sua elevada rejeição torna impossível sua vitória em um segundo turno. “O PT continuará como uma legenda importante de centro-esquerda. É um partido que tem enraizamento social. Porém, nenhum partido resiste ao volume de escândalos revelados. O PT será penalizado nas urnas. Provavelmente encolherá nas eleições deste ano e no pleito de 2018. Lula continuará sendo a principal liderança do partido. Ele não terá força suficiente para ganhar uma eleição presidencial, mas tem capital eleitoral para ser um player importante. Se vier a ser preso, a legenda terá dificuldade em lançar mão de novos quadros para se renovar”. Reforma eleitoral Lavareda diz que, apesar do sentimento generalizado de aversão à política, o resultado da intensa movimentação da sociedade nos últimos três anos é o aumento do interesse da população no processo político. “Nunca se debateu tanto política como nos últimos tempos. Nunca a incerteza foi tão presente. E a ansiedade decorrente termina produzindo cidadãos mais conscientes”, diz ele. Contudo, faz o alerta para o fato de que uma evolução real viria por meio de uma reforma do sistema eleitoral, que considera viciado e com várias linhas desconexas. “A Reforma Política – além da recuperação econômica – poderia ser um legado importante do Governo Temer”, concluiu. Temer segue pelo caminho lógico para quem não teve votação popular O sociólogo e cientista político Antonio Lavareda fala da conjuntura política brasileira no pós-impeachment A Revista Sesvesp ouviu o cientista político e sociólogo Antonio Lavareda sobre os primeiros meses do presidente interino Michel Temer . Lavareda é doutor em Ciência Política (IUPERJ) e Mestre em Sociologia (UFPE). Autor de mais de 10 livros nas áreas de opinião pública, partidos e eleições. Neste mês de agosto lança a obra “Neuropropaganda de A a Z” (Editora Record – 2016), em parceria com o jornalista João Paulo Castro. É pioneiro, no Brasil, nos estudos teóricos e na utilização de ferramentas de Neuropolítica (FGV). Apresenta o programa “Ponto a Ponto”, dedicado à pesquisa de 12 - Revista SESVESP opinião pública, juntamente com a jornalista Mônica Bergamo, na BandNews TV. Lavareda avalia que, passado mais de três meses do mandato de Michel Temer, aparentemente o presidente interino entendeu a natureza do seu mandato, submetido a duas vertentes conjunturais, que são a crise econômica e a operação Lava Jato. Segundo ele, Temer parece ter seguido um caminho correto para quem não teve a oportunidade de ter sido votado para o cargo. “O presidente, no meu entendimento, agiu acertadamente ao colocar em primeiro plano o enfrentamento da crise econômica”, avaliou. Para Lavare- da, o cerne do governo Temer deve ser o combate à inflação e a promoção do crescimento econômico para resgatar os empregos perdidos nos últimos dois anos. O sociólogo comparou a condição de Michel Temer com o período pós-Collor, em que o presidente Itamar Franco titubeava inicialmente na concepção do que seria o seu governo , também de dois anos. “Após um início voltado para uma espécie de resgate moral do governo, Itamar Franco encontrou seu lugar na história com a definição da organização econômica do país dada pelo Plano Real”, relembrou. Antonio Lavareda Cientista Político “O PT continuará como uma legenda importante de centroesquerda. É um partido que tem enraizamento social. Porém, nenhum partido resiste ao volume de escândalos revelados”. Revista SESVESP - 13