Análise de conjuntura
Foto: Agência Brasil
Foto: Renata Catello Branco
O PT de Lula
Por outro lado, ao avaliar o espólio do PT
e do ex-presidente Lula, Lavareda entende
que a dois anos da próxima eleição presidencial é muito difícil fazer uma previsão,
mas seguramente os votos petistas serão divididos com outras legendas da esquerda.
Já sua visão sobre o futuro do ex-presidente Lula é de que sua elevada rejeição torna
impossível sua vitória em um segundo turno.
“O PT continuará como uma legenda importante de centro-esquerda. É um partido
que tem enraizamento social. Porém, nenhum partido resiste ao volume de escândalos
revelados. O PT será penalizado nas urnas.
Provavelmente encolherá nas eleições deste
ano e no pleito de 2018. Lula continuará sendo a principal liderança do partido. Ele não
terá força suficiente para ganhar uma eleição
presidencial, mas tem capital eleitoral para
ser um player importante. Se vier a ser preso, a legenda terá dificuldade em lançar
mão de novos quadros para se renovar”.
Reforma eleitoral
Lavareda diz que, apesar do sentimento
generalizado de aversão à política, o resultado da intensa movimentação da sociedade
nos últimos três anos é o aumento do interesse da população no processo político. “Nunca
se debateu tanto política como nos últimos
tempos. Nunca a incerteza foi tão presente.
E a ansiedade decorrente termina produzindo
cidadãos mais conscientes”, diz ele. Contudo,
faz o alerta para o fato de que uma evolução real
viria por meio de uma reforma do sistema eleitoral, que considera viciado e com várias linhas
desconexas. “A Reforma Política – além da recuperação econômica – poderia ser um legado importante do Governo Temer”, concluiu.
Temer segue pelo caminho lógico para quem não
teve votação popular
O sociólogo e cientista político Antonio Lavareda fala da conjuntura política brasileira no pós-impeachment
A
Revista Sesvesp ouviu o cientista
político e sociólogo Antonio Lavareda sobre os primeiros meses
do presidente interino Michel Temer . Lavareda é doutor em Ciência Política
(IUPERJ) e Mestre em Sociologia (UFPE).
Autor de mais de 10 livros nas áreas de
opinião pública, partidos e eleições. Neste
mês de agosto lança a obra “Neuropropaganda de A a Z” (Editora Record – 2016),
em parceria com o jornalista João Paulo
Castro. É pioneiro, no Brasil, nos estudos
teóricos e na utilização de ferramentas de
Neuropolítica (FGV). Apresenta o programa
“Ponto a Ponto”, dedicado à pesquisa de
12 - Revista SESVESP
opinião pública, juntamente com a jornalista Mônica Bergamo, na BandNews TV.
Lavareda avalia que, passado mais de
três meses do mandato de Michel Temer,
aparentemente o presidente interino entendeu a natureza do seu mandato, submetido
a duas vertentes conjunturais, que são a
crise econômica e a operação Lava Jato.
Segundo ele, Temer parece ter seguido
um caminho correto para quem não teve
a oportunidade de ter sido votado para
o cargo. “O presidente, no meu entendimento, agiu acertadamente ao colocar
em primeiro plano o enfrentamento da
crise econômica”, avaliou. Para Lavare-
da, o cerne do governo Temer deve ser
o combate à inflação e a promoção do
crescimento econômico para resgatar os
empregos perdidos nos últimos dois anos.
O sociólogo comparou a condição de
Michel Temer com o período pós-Collor,
em que o presidente Itamar Franco titubeava inicialmente na concepção do que seria o seu governo , também de dois anos.
“Após um início voltado para uma espécie
de resgate moral do governo, Itamar Franco encontrou seu lugar na história com a
definição da organização econômica do
país dada pelo Plano Real”, relembrou.
Antonio Lavareda
Cientista Político
“O PT continuará
como uma legenda
importante de centroesquerda. É um partido
que tem enraizamento
social. Porém, nenhum
partido resiste ao
volume de escândalos
revelados”.
Revista SESVESP - 13